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  • ALMIRANTE SALDANHA DA GAMA  CONTRA ALMIRANTE LUIZ PHILIPPE DE SALDANHA DA GAMA (CAMPOS DOS GOYTACAZES, 7 DE ABRIL DE 1846  CAMPO OSÓRIO, RS, 24 DE JUNHO DE 1895). CARTÃO COM MISSIVA DIRIGIDA A DONA MARIANNA DA FONSECA VIÚVA DO PRESIDENTE DEODORO DA FONSECA, PRIMEIRO PRESIDENTE DA REPÚBLICA BRASILEIRA E PORTANTO  A PRIMEIRA MULHER A TORNAR-SE PRIMEIRA DAMA DO BRASIL. CARTÃO DE VISITAS DO  ALMIRANTE COM MENSAGEM DE SEGUINTE TEOR: OFFERECEA RESPEITAVEL SRA D. MARINANNA DA FONSECA BOAS FESTAS E BONS ANNOS DATADO DE 1 DE JANEIRO DE 1893. O CONTRA ALMIRANTE LUIZ PHILIPPE DE SALDANHA DA GAMA.  O ALMIRANTE SALDANHA DA GAMA ERA NETO DO SEXTO CONDE DA PONTE E TRINETO DE JOÃO DE SALDANHA DA GAMA, 41º VICE-REI DA ÍNDIA.INGRESSOU NA ACADEMIA DE MARINHA AOS 17 ANOS ONDE SEGUIU CARREIRA ATÉ ALCANÇAR O POSTO DE ALMIRANTE. FOI O REPRESENTANTE DO BRASIL NAS EXPOSIÇÕES DE DE VIENA (1873), DA FILADÉLFIA (1876) E NA DE BUENOS AIRES (1882). FOI CONDECORADO VÁRIAS VEZES, ENTRE ELAS: NA CAMPANHA ORIENTAL, NA GUERRA DO PARAGUAI, NA RENDIÇÃO DE URUGUAIANA E TAMBÉM RECEBEU A COMENDA DO MÉRITO MILITAR. NOTA: Luís Filipe de Saldanha da Gama nasceu em Campos, no dia 7 de abril de 1846, na chácara de propriedade de seu pai, na Beira-Rio, hoje avenida 15 de Novembro, casa que já não existe mais e que tinha o nº 259. Filho do fazendeiro dom José de Saldanha da Gama, homem inteligente e de prestígio na Corte, e de dona Maria Carolina Gomes Barroso, filha do coronel Sebastião Gomes Barroso, respeitável proprietário rural da época. A vida de Luís Filipe em Campos foi de sete anos; livre, sem acontecimentos importantes, entre a chácara da avenida 15 de Novembro e as fazendas Colégio e Tocaia, ambas de propriedade de seu pai. A infância nas terras campistas durou pouco tempo. O menino nascido em Campos, batizado na velha matriz de São Salvador pelo cônego João Carlos Monteiro, pai do abolicionista José Carlos do Patrocínio, cujo termo de batismo poderá ser comprovado nos arquivos da hoje Basílica Menor do Santíssimo Salvador, deixou de residir nessas plagas em 1853, partindo com destino ao Rio de Janeiro, onde, mais tarde, despontaria para a grandeza do Brasil. Bacharel em Letras, fez o curso da Academia da Marinha onde ingressou aos dezessete anos, sempre galgando postos até alcançar o de Almirante.  No início do ano de 1893 iniciou-se no Rio Grande do Sul a chamada "Revolução Federalista" que se extenderia por todo o ano até que em setembro no Rio de Janeiro inicia-se a "Revolta da Esquadra", chefiada pelo Almirante Custódio de Melo, ambas causadas pela oposição ao governo do Marechal Floriano Peixoto, representado no sul pelo Dr. Julio de Castilhos. Saldanha da Gama, nesta época, era o diretor da Escola Naval e não quis se envolver no conflito, no interesse e pelo dever de salvaguardar a Escola e seus alunos, que são o futuro e a esperança da Marinha. Inicialmente desempenhou o papel de socorrer aos feridos evitando contatos com os revoltosos, já que queira evitar que seus alunos se envolvessem no movimento e ficaria neutro não fosse o decreto do Presidente Peixoto que estabelecia o licenciamento dos alunos da Escola Naval. Ele permite a saida dos alunos interessados em servir ao Governo mas ele se sente liberado dos seus deveres e adere ao movimento rebelde e à revolução, conforme diz em seu manifesto: impelido pela força dos acontecimentos para salvar o punhado de companheiros que nela se meteram ou para perecer com eles.  Saldanha da Gama Ao entrar na guerra, que já durava um ano, diz "Ofereço minha vida em holocausto no altar da Pátria.A guerra no mar termina no dia 12/03/1894 com a derrota dos rebeldes devido, em grande parte, a Custódio de Melo.Saldanha parte rumo ao sul com destino a Buenos Aires, unindo-se aos federais em setembro de 1894.Ali começa a organizar sua tropa contando com brasileiros emigrados da Argentina e do Uruguais, fazendo sua base em Artigas, de onde tenta conter o avanço das tropas do General Hipólito Ribeiro, Paula Castro e João Francisco.E foi na manhã do dia 24 de junho de 1895 às 9:00 que aconteceu a batalha de Campo Osório quando as tropas de João Francisco se encontra com as tropas de Saldanha O batalhão da marinha que guarnecia as trincheiras recebeu os atacantes com cerrada fuzilaria, porém um incidente veio apressar o desenlace da ação. A pequena força de cavalharia que o Almirante havia colocado nos flancos da trincheira, carregando sem sua ordem sobre a linha cerrada dos castilhistas, foi vigorosamente repelida, saindo em perseguição a cavalharia de João Francisco; retrocedendo em debandada diante do número muitas vezes superior, veio colocar-se na frente e nos intervalos das trincheiras, obrigando os marinheiros a cessarem o fogo. Foi então que penetrando o inimigo no pequeno acampamento, estabeleceu a maior desordem e confusão, esmagando os seus adversáriosÀs 11.00 a batalha já tinha terminado.Saldanha foge à cavalo e é perseguido pela tropa do militar uruguaio Major Salvador Sena (Tambeiro) que termina o alcançando.Acontece o diálogo final:- Respeite-me! Sou o Almirante Saldanha! - Esses são os que eu gosto!. Furando Saldanha com a lança, degolando e arrancando-lhe os dentes e cortando as orelhas!Quando a batalha terminou, pouco antes das 2 horas da tarde, nem as mulheres que estavam no acampamento se salvaram. Foram todas lanceadas, começando logo a degola dos mortos e feridosEstava terminada a revolução.Saldanha da Gama faleceu em Campo Osório, Rio Grande do Sul em 24 de junho de 1895.Campo Osório fora o último sangue da revolução.obre Saldanha da Gama disse Rui Barbosa no livro "Cartas da Inglaterra": a desagradável fortuna das armas se arrebatou no Saldanha da Gama o herói dos heróis, a sua possível reorganização, o homem mais completo e o personagem mais extraordinário que eu conheci neste mundo. Rui Barbosa
  • THEODORO SAMPAIO (SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO, BA, 1855  RIO DE JANEIRO, RJ, 1937). PRECIOSO MANUSCRITO ASSINADO PELO ESCRITOR COM O TÓTULO: CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DO GENTIO DO BRASIL E DE SUA CATECHESE CAPITULO III DO PENSAMENTO CRISTÃO QUE PRESIDIU A FUNDAÇÃO DO BRASIL EM 12 PÁGINAS ESCRITAS A MÃO POR THIEODORO SAMPAIO COM CAPRICHADA CALIGRAFIA FAZ UM RETROSPECTO DA COLONIZAÇÃO DO BRASIL COM A ESTRATÉGIA DA CRISTIANIZAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS. ESTA OBRA É CONSIDERADA UMA DAS GRANDES PRODUÇÕES HISTÓRICO LITERÁRIAS DE THEODORO SAMPAIO E FOI PUBLICADA PELA PRIMEIRA VEZ NA REVISTA SANTA CRUZ EM SÃO PAULO EM 1913. EXCERTOS DO TEXTO: ERA ESTE O ESTADO DAS COUSAS QUANDO CHEGOU O SOCORRO REGIO TRAZIDO POR THOMÉ DE SOUZA, A FUNDAR A CUDADE DE SAKVADIR BA BAHIA E TODOS OS SANTOS E A DILATAR A FÉ CHRISTÃ ENTRE OS BRASIS  PELA PALAVRA DOS DISCÍPULOS DE SANTO IGNACIO, PELOS ESFORÇOS E SACRIFICIOS INESQUECIVEIS DO PADRE MANUEL DA NÓBREGA E DOS SEUS COMPÁNHEIROS HERÓICOS, OBREIROS NA FUNDAÇÃO DO BRASIL. ..THEODORO SAMPAIO FOI UM GRANDE INTELECTUAL FOI INCUMBIDO POR DOM PEDRO II DE DIVERSAS COMISSÕES NA ÁREA DE ENGENHARIA. FOI PROFESSSOR DA ESCOLA POLITÉCNICA DE SÃO PAULO. EXCELENTE ESTADO!NOTA: THEODORO SAMPAIO . Nasceu em 1855, no Engenho Canabrava, município de Santo Amaro da Purificação, filho do padre católico Manoel Fernandes Sampaio e da escrava Domingas da Paixão. Formou-se engenheiro em 1877. Trabalhando como professor de Matemática e desenhista do Museu Nacional, conseguiu poupar dinheiro suficiente para comprar a alforria de sua mãe e de três irmãos. Foi casado com Dona Capitulina Moreira Maia e com ela teve oito filhos, seis homens e duas mulheres. Após a sua primeira esposa adoecer mentalmente, Theodoro viveu maritalmente com Glória Maria da Fonseca, senhora da sociedade paulistana, com quem teve mais três filhos. Após o falecimento da primeira esposa, o engenheiro veio a se casar no Rio de Janeiro com Amália Barreto Sampaio, com quem viveu até falecer.Aos nove anos de idade, Theodoro Sampaio foi levado ao Rio de Janeiro pelo seu pai, padre Manuel Sampaio, capelão do Engenho Canabrava. Na então capital federal, foi matriculado no Colégio São Salvador em regime de internato, onde aos 15 anos de idade tornou-se auxiliar de ensino. Concluído os estudos preparatórios, ingressou na Escola Central, de onde saiu 5 anos depois, formado em engenharia civil. Após se formar, em 1877, ele voltou à Bahia e comprou a alforria da mãe e de dois irmãos, que ainda eram escravos. Somente em 1888, a Lei Áurea que deu fim ao regime escravocrata no Brasil chegou ao fim. Quando ainda era estudante universitário, atuou como desenhista no Museu Nacional e ali expandiu seu círculo de relações, tendo conhecido o naturalista norte-americano Orville A. Derby, com quem participou, em 1879, da expedição científica ao Vale do São Francisco, que se destinava a estudar os portos do Brasil e a navegação interior.  Ao término da expedição, Theodoro foi convidado a integrar a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, sendo, mais tarde, designado diretor da Comissão de Saneamento e posteriormente consultor técnico da antiga Secretaria do Interior desse estado. Durante sua gestão, o engenheiro reformou grande parte da rede de esgotos da cidade, além de aumentar e desenvolver o seu sistema. Durante a sua permanência no litoral paulista, desenvolveu estudos para o porto de Santos, publicando uma monografia na Revista de Engenharia, em 1879.Após ter sido um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo em 1894, Theodoro Sampaio foi admitido como sócio do IGHB (Instituto Geográfico e Histórico da Bahia) em 21 de outubro de 1898, passando a fazer parte da sua diretoria como orador oficial e membro da comissão da Revista Estatutos a partir de 11 de maio de 1913. Mais tarde, em 1922, o engenheiro viria a ser o presidente desta instituição. Em função das atividades profissionais que desenvolvia, escreveu livros sobre aspectos geográficos do Brasil, com destaque para O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, durante os seus estudos para o rio São Francisco. A língua nativa e os povos indígenas também despertaram a curiosidade desse intelectual negro baiano e sobre o tema ele escreveu O tupi na geografia nacional, sua obra-prima. Dentre as muitas publicações de Theodoro Sampaio destacam-se: Tremores de terra na Bahia; Tremores de terra no recôncavo da Bahia de Todos os Santos e O Tupi na geografia nacional. Theodoro veio a falecer no Rio de Janeiro em 1937, para onde se transferira aos 83 anos de idade, residindo em uma modesta casinha situada no bairro de Laranjeiras. Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista.
  • MEDEIROS E ALBUQUERQUE   JOSÉ JOAQUIM DE CAMPOS DA COSTA DE MEDEIROS E ALBUQUERQUE(1867-1934). IMORTAL FOI FUNDADOR DA CADEIRA 22 DA ACADEMIA BRASILIERA DE LETRAS. AUTOR DA LETRA DO HINO DA REPÚBLICA, POETA SIMBOLISTA.  PARTRICIPOU DAS SESSÕES PRELIMINARES DE INSTALAÇÃO A ACADEMIA ENTRE 1896 E 1897. CARTE DE VISITE DE MEDEIROS DE ALBURQUERQUE DIRIGIDO A VICENTE DE CARVALHO . O CARTÃO DATA DE 18/01/1909 ANO DA ELEIÇÃO DE VICENTE DE CARVALHO PARA ACADEMIA. NO VERSO MISSIVA DE MEDEIROS E ALBUQUERQUE DIRIGIDA A VICENTE DE CARVALHO:  EXMO SR. DR. VICENTE DE CARVALHO M.D. JUIZ CRIMINAL SÃO PAULO. DE PASSAGEM OIR AQUI, NÃO ME QUERO IR SEM DEIXAR-LHE UM ABRAÇO...TEÓRICO DO AMIGO E ADMIRADOR. MEDEIROS E ALBUQUERQUES. PAULO 18-01-909. O LOTE É ACOMPANHADO POR RECORTES ALUSVOS AO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE VICENTE DE CARVALHO EM 1966. NOTA: Medeiros e Albuquerque (José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque), jornalista, professor, político, contista, poeta, orador, romancista, teatrólogo, ensaísta e memorialista, nasceu no Recife, PE, em 4 de setembro de 1867, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 9 de junho de 1934. Em 1896 e 1897, compareceu às sessões preliminares de instalação da Academia Brasileira de Letras. É o fundador da cadeira n. 22, que tem como patrono José Bonifácio, o Moço. Era filho do dr. José Joaquim de Campos de Medeiros e Albuquerque. Depois de aprender as primeiras letras com sua mãe, cursou o Colégio Pedro II. Em 1880, acompanhou o pai em viagem para a Europa. Em Lisboa, foi matriculado na Escola Acadêmica, e ali permaneceu até 1884. De volta ao Rio de Janeiro, fez um curso de História Natural com Emílio Goeldi e foi aluno particular de Sílvio Romero. Trabalhou inicialmente como professor primário adjunto, entrando em contato com os escritores e poetas da época, como Paula Ney e Pardal Mallet. Estreou na literatura em 1889 com os livros de poesia Pecados e Canções da decadência, em que revelou conhecimento da estética simbolista, como testemunha a sua Proclamação decadente.Em 1888 colaborou no jornal Novidades, ao lado de Alcindo Guanabara. Embora tivesse entusiasmo pela ideia abolicionista, não tomou parte na propaganda. Fazia parte do grupo republicano, e, nas vésperas da proclamação da República, foi a São Paulo em missão junto a Glicério e Campos Sales. Com a vitória da República, foi nomeado, pelo ministro Aristides Lobo, secretário do Ministério do Interior e, em 1892, por Benjamin Constant, vice-diretor do Ginásio Nacional. Foi professor da Escola de Belas Artes (desde 1890), vogal e presidente do Conservatório Dramático (1890-1892) e professor das escolas de 2. grau (1890-1897). É o autor da letra do Hino da República. Simultaneamente às atividades de funcionário público, exercia as de jornalista. Durante o período florianista, dirigiu O Fígaro. Foi nesse jornal que teve ocasião de denunciar a deposição que se tramava em Pernambuco do governador Barbosa Lima. Em 1894, foi eleito deputado federal por Pernambuco. Medeiros estreou na Câmara conseguindo a votação para lei dos direitos autorais. Em 1897, foi nomeado diretor geral da Instrução Pública do Distrito Federal. Estando na oposição a Prudente de Morais, foi forçado a pedir asilo à Embaixada do Chile. Demitido do cargo, foi aos tribunais defender seus direitos e obteve a reintegração. Voltou também à Câmara dos deputados, formando nas fileiras de oposição a Hermes da Fonseca. Durante o quatriênio militar (1912-1916), foi viver em Paris. De volta ao Brasil, defendeu a entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial na Europa, em campanha que contribuiu para o rompimento de relações do Brasil com a Alemanha.Ocupou a Secretaria Geral da ABL de 1899 a 1917. Foi autor da primeira reforma ortográfica ali promovida em 1902. Por ocasião da campanha da Aliança Liberal, esteve ao lado do governo Washington Luís. Vitoriosa a revolução de 30, refugiou-se na Embaixada do Peru. De 1930 a 1934, dedicou-se às atividades de colaborador do diário da Gazeta de São Paulo e de outros jornais do Rio de Janeiro e às suas atividades na Academia, onde fazia parte da Comissão do Dicionário e era redator da Revista. Empenhou-se nos debates então travados em torno da simplificação da ortografia. Era um grande defensor da idéia da simplificação, e seu último artigo na Gazeta de São Paulo, publicado no dia de sua morte, versou sobre esse assunto. Na imprensa, escreveu também sob os pseudônimos Armando Quevedo, Atásius Noll, J. dos Santos, Max, Rifiúfio Singapura. Recebeu os acadêmicos Augusto de Lima, Ataulfo de Paiva e Fernando Magalhães.
  • VICENTE DE CARVALHO (1866  1924)  O POETA DO MAR  SEGUNDO OCUPANTE DA CADEIRA 29 DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS NA SUCESSÃO DE ARTUR DE AZEVEDO. ADVOGADO, JORNALISTA, POLÍTICO, MAGISTRADO, POETA, CONTISTA, REPUBLICANO E ABOLICONISTA.  FEZ PARTE DO GRUPO BOÊMIA ABOLICIONISTA, NO QUAL AUXILIAVA ESCRAVOS FORAGIDOS A SE ESCONDEREM EM QUILOMBOS TOMOU PARTE NO GRUPO DOS CAIFASES DE ANTONIO BENTO, AJUDANDO ESCRAVOS FUGIDOS AO QUILOMBO DO JABAQUARA.  COMO POETA LÍRICO, VICENTE DE CARVALHO ESTEVE LIGADO DESDE O INÍCIO AO GRUPO DE JOVENS POETAS DE TENDÊNCIA PARNASIANA. ELE FOI UM DOS CRIADORES DO PARNASIANISMO COMO ESTILO LITERÁRIO NO PAÍS. DENTRE SUAS PRODUÇÕES POÉTICAS, ROSA, ROSA DE AMOR É UM DOS LIVROS MAIS CONHECIDOS. ESSA OBRA, ALIÁS, SELOU SEU DESTINO COMO POETA DO MAR.  ATUOU COMO DEPUTADO E OCUPOU O CARGO DE MINISTRO DO TRIBUNAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. CARTA DO ESCRITOR JOÃO RIBEIRO (1860-1934) IMORTAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS DIRIGIDA AO TAMBÉM IMORTAL VICENTE DE CARVALHO. A CARTA ESCRITA NO RIO DE JANEIRO EM 9 DE JULHO DE 1912. A MISSIVA TRATA SOBRE O INTERESSE DE VICENTE DE CARVALHO NA AQUISIÇÃO DE UM FARDÃO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS PARA A QUAL FORA ELEIITO DOIS ANOS ANTES. EIS O CONTEÚDO DA CARTA:  RIO, 9  DE JULHO DE 1912 CARO VICENTE DE CARVALHO. SÓ AGORA POSSO RESPONDER-LHE COM UTILIDADE AO SEU PRINCIPAL PEDIDO QUE DE LÁ TGROUXE  O DA INFORMAÇÃO SOBRE A FARDA. CONVÉM FAZE-LO EM PARIS, CUSTA LÁ 1000 FRANCOS  (600.000 RÉIS) E AQUI NO RIO ORÇA POR 2 CONTOS DE RÉIS OU QUASE. A VANTAGEM EM LÁ FAZÊ-LO É ENORME. HÁ SÓ UMA DIFILCULDADE PRÁTICA. O AFRÂNIO (AFRÂNIO PEIXOTO) QUE ME DEU OS CARTÕES JUNTO SNÃO SABE SE O ALFAIATE ROSA CONSERVOU O MODELO OU DESENHO. A ACADEMIA DEPLORAVELMENTE NÃO O TEM, A FARDA SEGUE AQUI A TRADIÇÃO . UMAS SE FIZERAM PELAS OUTRAS E ASSIM SE FIZERAM AS 6 OU 8 QUE AQUI EXISTEM. EM PARIS, PORÉM VOCÊ ENCONTRARÁ O MEDEIROS QUE FOI QUEM FORNECEU O TYPO DE FARDA DO AFRANIO. O MEDEIROS CONSERVA EM PARIS A FARDA DE QUE ATÉ SE TEM UTILIZADO.  ASSIM A COISA ESTÁ RESOLVIDA. VOCÊ PROCURARÁ O MEDEIROS QUE EMPRESTARÁ A FARDA AO ALFAIATE. FOI ESTE O EXPEDIENTE QUE USOU O AFRÂNIO. ESTA RESPOSTA DEMOROU UM POUCO PORQUE DEPENDIA DOS DOIS CARTÕES DO AFRÂNIO INCLUSOS QUE RECEBI HONTEM NA ACADEMIA. MUITAS SAUDAÇÕES RESPEITOSAS A SUA EXMA SNRA E FILHA E AS QUAIS SE RECOMENDA MUITO ESPECIALMENTE A XAVIERIA. DESCULPE-ME ESCREVER-LHE NESTAS TIRAS NÃO QUIS AVOLUMAR O ENVELOPE. AGORA ESPERO-0 A 4 DE AGOSTO E MELHOR FORA ANTES SE CÁ VIER. PORQUE NÃO VIRA V. UM SABBADO PARA TOMAR PARTE NUMA DE NOSSAS SESSÕES DE ACADEMIA? ADEUS, UM ABRAÇO DE JOÃO RIBEIRO. O LOTE ACOMPANHA RECORTES DO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO ALUSIVOS AO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO POETA EM 1966. TAMBÉM RECORTE DA GAZETA ENAUTECENDO O POETA EM SEU CENTENÁRIO DE NASCIMENTO. HÁ TAMBÉM UM RECORTE COM UMA COLUNA DE TEMISTOCLES LINHARES PUBLICADA EM 1964 CELEBRANDO A OBRA DE JOÃO RIBEIERO. NOTA: VICENTE DE CARVALHO (1866  1924) Nasceu em Santos, SP, em 5 de abril de 1866, e faleceu na mesma cidade em 22 de abril de 1924.Era filho do Major Higino José Botelho de Carvalho e de D. Augusta Bueno Botelho de Carvalho. Fez o primário na sua cidade natal e, aos 12 anos, seguiu para São Paulo, matriculando-se no Colégio Mamede e, depois, no Seminário Episcopal e no Colégio Norton, onde fez os preparatórios. Aos 16 anos matriculou-se na Faculdade de Direito. Em 1886, com vinte anos, era bacharel em Direito. Casou-se em 1888 com Ermelinda Ferreira de Mesquita, irmã do jornalista Júlio de Mesquita, do jornal Província de São Paulo (hoje Estado de São Paulo). Tiveram dezesseis filhos. Entre eles, Vicentina de Carvalho, a poetisa, e Arnaldo Vicente de Carvalho, jornalista. Republicano combativo, cursava ainda o 4º ano quando foi eleito membro do Diretório Republicano de Santos. Em 1887, era delegado a Congresso Republicano, reunido em São Paulo. Em 1891, era deputado ao Congresso Constituinte do Estado. Em 26 de fevereiro de 1892 foi nomeado Secretário de Interior do Estado de São Paulo na administração de Cerqueira César. Autorizou a criação da Escola Superior de Agricultura, futura ESALQ, e a Escola Superior de Engenharia, futura Poli. Na área do saneamento, tentou trazer Pasteur ao Brasil. Esse mandou seu aluno Felix Le Dantec. Criou o Hospital de Isolamento do Instituto Bacteriológico e o Instituto Vacinogênico além do Laboratório de Análise e de Bromatologia. Criou o serviço sanitário do estado. Em 30 de setembro de 1892, se afastou da política definitivamente. Antes de sair, durante uma solenidade na câmara municipal, Vicente esbofeteou Alfredo Maia que insinuou haver falcatrua em uma operação imobiliária do seu ministério. Disse: "O senhor insultou-me em ofício: eis a resposta!"  Mudou-se, então, para Franca, município do interior paulista, e tornou-se fazendeiro. Em Franca, comprou a fazenda Frutal para plantar café. O negócio fracassou com a queda dos preços. Em 1901 voltou a Santos e publica Solução para a Crise do Café, um livro feito de artigos publicados no Estado de S. Paulo, arguindo que havia excesso de produção em frente à demanda. Propunha a destruição de um quinto da produção para equilibrar o mercado  Em 1902, Vicente de Carvalho publicou Rosa, Rosa de Amor, livro que o consagrou como poeta do Parnasianismo, mas foi sobretudo, o poeta do mar. Em sua obra, o oceano tem vida própria, caracteres animados e paixões humanas. O mar é pintado com diferentes matizes, em razão da forte atração que as águas exercem sobre sua sensibilidade. Esse amor é exaltado em várias poesias, como Palavras ao Mar, Sugestões do Crepúsculo, Cantigas Praianas, No Mar Largo e A Ternura do Mar. Em 1907, mudou-se para São Paulo, onde foi nomeado Juiz de Direito. Em 1914, passou a ministro do Tribunal da Justiça do Estado. Vicente de Carvalho foi, durante toda a sua vida, um jornalista combativo. Até 1915, sua atuação na imprensa foi quase ininterrupta. Em 1889, era redator do Diário de Santos, fundando, no mesmo ano, o Diário da Manhã, da mesma cidade. Ali manteve ainda colaboração em A Tribuna e fundou, em 1905, O Jornal. Até 1913 colaborou nO Estado de S. Paulo. No fim da vida, cansou-se do jornalismo, mas continuou em contato com seus leitores através dos versos que publicava nas páginas de A Cigarra. Poeta lírico, ligou-se desde o início ao grupo de jovens poetas de tendência parnasiana. Foi grande artista do verso, da fase criadora do Parnasianismo. Da sua produção poética ele próprio destacou poemas que são de extrema beleza, como: Palavras ao mar, Cantigas praianas, A ternura do mar, Fugindo ao cativeiro, Rosa, rosa de amor, Velho tema e Pequenino morto". Segundo ocupante da cadeira 29, foi eleito em 1º de maio de 1909, na sucessão de Artur Azevedo, e recebido por carta na sessão de 7 de maio de 1910. Em 1921 escreveu uma carta pública ao presidente Epitácio Pessoa que visitava Santos. Arguiu contra a privatização da orla em favor de sua preservação: Sob pretexto de que esta praia é terreno de marinha, estão particulares tentando apropriar-se dela a título de aforamento. Entrando assim no domínio do privado, o tradicional logradouro público desapareceria fracionado, mutilado, despedaçado como por mãos de bárbaros ... Deus do Céu! Que ideia essa de alguém que é o Governo Brasileiro, e o Governo de um brasileiro que se chama Epitácio Pessoa, vender pelo prato de lentilhas que a Bíblia consagrou na execração dos homens, uma linda e preciosa joia de família, da nossa família santista, da nossa família paulista, da nossa família brasileira. Uma das principais avenidas que seguem a orla de Santos tem seu nome. Um distrito de Guarujá tem seu nome assim como um bairro no Rio de Janeiro. No bairro do Boqueirão, em Santos, há uma estátua em bronze de autoria de Caetano Fracarolli. Na sua inauguração Guilherme de Almeida discursou: "poeta épico, e clássico, e lírico, e satírico, e popular, e parnasiano, e simbolista, e naturalista." Os temas sociais também foram explorados por Vicente de Carvalho, como a "escravidão", que surgiu em Fugindo ao Cativeiro, e a miséria, que apareceu como preocupação em A Voz do Sino, temas que também o situam como poeta do Parnasianismo.Em 1902, Vicente de Carvalho publicou Rosa, Rosa de Amor, livro que o consagrou como poeta do Parnasianismo, mas foi sobretudo, o poeta do mar. Em sua obra, o oceano tem vida própria, caracteres animados e paixões humanas.O mar é pintado com diferentes matizes, em razão da forte atração que as águas exercem sobre sua sensibilidade. Esse amor é exaltado em várias poesias, como Palavras ao Mar, Sugestões do Crepúsculo, Cantigas Praianas, No Mar Largo e A Ternura do Mar.Vicente de Carvalho faleceu em Santos, São Paulo, no dia 22 de abril de 1924.
  • EUCLYDES DA CUNHA  CARTA DE EUCLYDES DA CUNHA (1866-1909) ESCRITA AO SEU AMIGO O POETA E TAMBÉM IMORTAL VICENTE DE CARVALHO (1866-1924) EXATAMENTE QUATRO MESES ANTES DE SER ASSASSINADO  AO TENTAR ALVEJAR O AMANTE DE SUA ESPOSA,  DILERMANDO DE ASSIS. NA CARTA  EUCLYDES DA CUNHA MANIFESTA PREOCUPAÇÃO COM O ÊXITO DA CANDIDATURA DE VICENTE DE CAVALHO A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (QUE ACABOU ACONTECENDO LOGO APÓS A MORTE DE EUCLYDES DA CUNHA) E TAMBÉM REFERE-SE A SUA PRÓPRIA CANDIDATURA A VAGA DE PROFESSOR DE LÓGICA DA ESCOLA DOM PEDRO II QUE TAMBÉM FOI EXITOSA EMBORA TENHA SIDO PROFESSOIR APENAS POR UM MÊS ANTES DE SEU ASSASSINATO.  DIZ A CARTA:  RIO, 15-04-909 VICENTE, Felicidades. RECEBI O TEU CARTÃO. A ELEIÇÃO DEVE EFETUAR-SE BREVE. CUMPRE QUE ESCREVAS AOS VOTANTES AMIGOS. PARA QUE ESTEJAM ALERTA. ESTOU ÀS VOLTAS COM A LÓGICA  MAS SEM ESPERANÇA. DEMITTIRAM-SE TODOS OS EXAMINADORES NOMEADOS E REFERVE ENTRE OS CANDIDATOS GANANCIOSOS UMA INTRIGA DEPRORÁVEL, QUE ARREPENDIMENTO... AGORA É SEGUIR DE PERTO A SEGUNDA MÁXIMA DE DESCARTES- E AVANÇAR FIRME, PARA A FRENTE. DÊ NO QUE DER ENTRAREI, AINDA QUE SEJA PARA APANHAR . MUITA  SAUDAÇÕES A TODOS E UM ABRAÇO DO EUCLYDES. PS  VOU SER SE ENCONTRO O MÁRIO (MÁRIO DE ALENCAR IMORTAL QUE OCUPOU A CADEIRA 21 DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ERA FILHO DE JOSÉ DE ALENCAR) PARA SABER QUAL É O DIA DA ELEIÇÃO E SE NA MESMA SESSÃO SE PREENCHERÃO AS DUAS VAGAS. UM FAVOR PEÇO=TE QUE PROCURES O PUJOL (ALFREDO PUJOL (IMORTAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS QUE OCUPOU A CADEIRA DE NUMERO 23) A QUEM ESCREVI HÁ TRES DIAS PARA DIZER-LHE QUE NÃO SE ESQUEÇA DO NEGÓCIO DO VELHO (EMPRÉSTIMO DO BANCO) COM O QUAL ESTOU PROFUNDAMENTE PREOCUPADO. EUCLYDES DA CUNHA E VICENTE DE CARVALHO FORAM GRANDES AMIGOS. BOA PARTE DA CORRESPONDÊNCIA TROCADA ENTRE OS DOIS IMORTAIS ATUALMENTE PERTENCE AO INSTITUTO MOREIRA SALLES. ESTA CARTA EM QUESTÃO TALVEZ SEJA O ELO PERDIDO NOS FRAGMENTOS DAS 24 CARTAS QUE COMPÕE A COLEÇÃO MOREIRA SALLES. CURIOSO QUE AMBOS TINHAM ERAM AMBOS MUITO SUPERTICIOSOS PRINCIPALMENTE COM RELAÇÃO AO NÚMERO 13.  NO LIVRO OS SERTÕES, O ESCRITOR E JORNALISTA EUCLIDES DA CUNHA REGISTROU A COVARDIA DOS MILITARES QUE IRIAM LUTAR CONTRA ANTÔNIO CONSELHEIRO, EM CANUDOS. A TROPA SAIU NA NOITE DE 12 DE NOVEMBRO DE JUAZEIRO, SÓ PARA EVITAR O MALDITO 13 E IA COMBATER O FANATISMO", FOI O COMENTÁRIO DO ESCRITOR. VICENT4E DE CARVALHO POR SUA VEZ TINHA GRANDE RECEIO DE ASSUMIR A CADEIRA DE NÚMERO 13 DA ACADEMIA CHEGANDO A DESISTIR DA CANDIDATURA À ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS EM 1905 PORQUE SUA MULHER SUSPEITAVA QUE ELE MORRERIA SE TOMASSE POSSE NA CADEIRA A QUE CONCORRIA, DE NÚMERO 13. NA DÚVIDA, DEIXOU PARA 1909, QUANDO FOI ELEITO. TAMANHO CUIDADO NÃO IMPEDIU QUE TERMINASSE COM O BRAÇO ESQUERDO AMPUTADO, DEPOIS QUE SUA MÃO INFLAMOU, FERIDA DURANTE UMA PESCARIA EM ALTO-MAR. MESMO ASSIM, NÃO PERDEU O HUMOR, REPETINDO SEMPRE: "CAMÕES NÃO FOI MANCO DE UM OLHO? EU SOU CAOLHO DE UM BRAÇO". ACOMPANHA JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO COM SUPLEMENTO CONTENDO EXTENSA MATÉRIA SOBRE EUCLYDES DA CUNHA PUBLCADO EM 22 DE JANEIRO DE 1966. NOTA:. A  morte de Euclides da Cunha, um crime passional , era proeminente escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, viajante experimentado, narrador da campanha de Canudos, estilista primoroso, recém empossado professor de lógica no Colégio D. Pedro II, amostra de homem com a honra despedaçada, no contexto e nos padrões morais do início do século XX. Ana (Dona Saninha), sua esposa, filha do General Sólon Ribeiro (ativo participante da proclamação da república), mãe dedicada (é o relato dos filhos), hostilizada por uma sociedade que (insisto, pelos padrões do tempo) não admitia o papel de adúltera que lhe imputavam. A exemplo de Capitu (personagem literária) Ana (personagem real) não teve um lugar de fala; não quiserem lhe ouvir. Ana levou uma culpa que provavelmente não teve, ou foi instrumento de um destino em relação ao qual não tinha controle.Dilermando de Assis, o vilão (de acordo com os relatos tendenciosos), militar dedicado, passou a vida a justificar-se da acusação de ter assassinado um Deus, ainda que absolvido pelo Tribunal do Júri, o que se deve também a impecável defesa de Evaristo de Moraes, o vedete dos tribunais da época. Evaristo formou-se em direito depois de 20 anos de prática forense. É o exemplo do rábula, no que essa expressão não tem de pejorativo. Evaristo também advogou para Gilberto Amado (que era professor de Direito Penal) acusado de homicídio, disputando no júri (nesse caso) com o promotor Galdino Siqueira (exímio penalista). Há outros personagens, também trágicos, como o filho de Euclides (mais tarde também morto por Dilermando) e o irmão de Dilermando (Dinorah, ferido por Euclides, que ficou paraplégico, e que se suicidou mais tarde).Ana teria conhecido Dilermando em São Paulo, quando levava seus filhos para os cuidados de um tutor. Há versões que, depois da morte do pai, Dilermando e seu irmão foram recebidos na casa de Euclides. Judith Ribeiro de Assis, em livro que foi levado à televisão, em forma de minissérie, dá conta da história de um trágico amor. Trata-se da série Desejo, de 1990, protagonizada por Tarcísio Meira (Euclides), Vera Fischer (Ana) e Guilherme Fontes (Dilermando). Judith afirmou que Ana e Dilermando se apaixonaram perdidamente. Ana, no contexto desse relato, vivia com dificuldade com Euclides, que seria uma pessoa difícil, irascível e de ímpetos incontroláveis. Por trás do escritor genial havia um homem genioso.Em 1906, voltando da Amazônia, onde esteve em missão por 10 meses, Euclides encontrou Ana com gravidez bem avançada. Nasceu uma criança, que faleceu de inanição, com cerca de uma semana de vida. Foi registrado por Euclides como Mauro, mas Ana sempre se referiu à criança como Mário. Ao que consta, Ana teria acusado Euclides de provocar esse desfecho. Os relatos são muito contraditórios. Ana e Dilermando continuaram trocando cartas, voltaram a se encontrar, e uma segunda criança foi gerada. Foi batizada como filho de Euclides e Ana, com o nome de Luiz. Euclides reconhecia que o menino não era seu filho biológico, e a ele se referia como um milharal no cafezal.Em agosto de 1909, depois de não encontrar Ana (que teria ido para a casa de sua mãe, viúva de Sólon Ribeiro) Euclides vestiu uma roupa velha, há muito tempo abandonada, conseguiu um revólver e foi até a casa de Dilermando, na Estrada Real de Santa Cruz, número 214, onde o tiroteio ocorreu. Euclides atingiu Dilermando e seu irmão. Dilermando revidou e Euclides caiu morto. Dilermando foi preso preventivamente e depois julgado pelo tribunal do júri, que o absolveu com fundamento na tese da legitima defesa. A sentença foi confirmada.Alguns anos depois, em 1916, Dilermando também duelou com Euclides da Cunha Filho, que caiu morto em um cartório. Mais uma vez defendido por Evaristo de Moraes, Dilermando foi absolvido. O Superior Tribunal Militar confirmou a sentença da Auditoria de Guerra. Mesmo absolvido, Dilermando conviveu com insinuações e acusações. Em 1922, quando da exposição do centenário da independência, foi surpreendido com exposição de sua arma (tida como a arma do assassino de Euclides) ao lado do punhal que Manso de Paiva usou para assassinar o político gaúcho Pinheiro Machado. Requereu a devolução do revólver e protestou pelo fato de ser lembrado como assassino, o que é situação distinta de quem mata em legítima defesa.Os autos do processo do caso de Euclides foram editados por Walnice Nogueira Galvão, maior autoridade em Euclides da Cunha que há no Brasil. Nas peças conhece-se, por exemplo, a tese da promotoria. José Saboia Viriato de Medeiros atuou como promotor no caso. Lê-se na conclusão da denúncia que se colhia com segurança das peças do inquérito que o denunciado mantinha relações adulterinas com a esposa do conhecido escritor Dr. Euclides da Cunha. Dilermando teria atingido Euclides quando o escritor já estava ferido, fora de perigo. Dilermando teria agido num movimento de cólera e vingança, que bem denotam as palavras espera cachorro ouvidas por uma das informantes. Teria havido, por parte de Dilermando, excesso na reação, o que evidenciaria, na tese da promotoria, ação vingativa e reprovável. Segundo o promotor, o perigo estava passado, o mal já consumado, os ferimentos, que impossibilitavam a continuação da agressão, visíveis e notórios, o agressor em retirada: o ato praticado em tais condições contra esse homem não foi de defesa, foi de exasperação e vingança.Foram exibidas cartas que Ana encaminhou ao marido. Afirmava que se julgava indigna, por havê-lo traído espiritualmente na ausência dele, não sabendo se pelo bem-estar que tinha livre dos maus-tratos e pela falta de carinho com que ele a tratava, achando que uma separação deveria ser prolongada, já que ele era um homem de grande talento e estudos científicos. Reconhecia a incompatibilidade de gênios. Ana sofreu muito; procurou abortar ou mesmo morrer, tomando remédios para esse fim.Evaristo de Moraes insistia na tese da legítima defesa, a par de invocar que Dilermando agiu em estado de necessidade. No primeiro júri os 12 jurados eram homens (circunstância que a prática nos confirme como importante e até preponderante nesses casos). Houve empate: 6 votaram pela absolvição, e os outros 6 votaram pela condenação. Aplicou-se a velha máxima de direito, que decide pelo réu, em caso de dúvida (in dubio pro réu). Um dos jurados votou contraditoriamente, o que levou à composição de um novo júri. O novo júri contava com7 membros, para que não houvesse empate. Por 5 a 2 Dilermando foi absolvido. Foi posto em liberdade e retomou sua carreira no Exército.Os jornais incensavam Euclides da Cunha, em campanha aberta contra Dilermando. Não se ouviu Ana de Assis. Em agosto de 1909, o Jornal do Comércio registrava que se vivia o espanto horrível causado pela notícia do absurdo e trágico assassinato do prezado e eminente colaborador Euclides da Cunha. Referia-se a um telegrama expedido de Cascadura as 12 horas e 30 da tarde do dia anterior que dizia laconicamente: Euclides da Cunha, assassinado, Estrada Real, 214 (Assinado) Sólon da Cunha). E prosseguia o jornal: Assassinado por quê? Como? Por quem? Parecia inverossímil a notícia. Ainda nos últimos dias da semana o ilustre escritor aqui estivera, em companhia de seu jovem filho, Euclides, irmão de Sólon da Cunha, signatário daquele despacho, uma inteligência e viva criança ().Segundo o Jornal do Comércio, Euclides era um homem de uma integridade moral a toda prova, experimentado em provações de todo gênero, com uma alta compreensão de seus deveres cívicos, pelejador como poucos, intrépido até a temeridade Afirmava-se que Euclides da Cunha conservara da matemática a disciplina mental formidável, da poesia a ideia de beleza e o gosto da perfeição, da filosofia o sentimento de justiça, a vibração contínua e generosa, alguma coisa acima das misérias da terra. Lamentava-se que tudo isto fora cortado por uma morte brutal, por um golpe da tragédia inenarrável.O Jornal do Comércio informava que Dilermando e seu irmão, depois da perda do pai, encontraram sempre da parte do Dr. Euclides da Cunha e da sua esposa, D. Ana Sólon da Cunha a proteção e carinho que a mortes de seus pais lhes tinha roubado. E ainda, foi justamente este sentimento de amizade maternal que animava a Sra. D. Ana tão paralelamente ao que nutria o seu esposo, que, em um dado momento, malevolamente desvirtuado, cruelmente envenenado, deu causa ao tremendo drama e que caiu sem vida atravessado por uma bala, o laureado homem de letras que, pode-se dizer, sem rebuços, era o maior estilista de sua geração. A imprensa seguia esse diapasão e condenava Ana.No mesmo Jornal do Comércio lê-se que Euclides passou a suspeitar da esposa, a fidelíssima companheira de 17 anos de uma existência cheia de lutas que  já não era mais a mesma; a amizade que dedicava ao aspirante Dilermando não podia ter este nome, porque era cousa muito diversa, era amor; cheio de culpa, cheio de crimes. Segundo o jornal, os espíritos malignos continuavam a sua obra, advinha num turbilhão de circunstâncias evidentemente desnorteadoras.Em 10 de agosto de 1909 lia-se no Jornal do Comércio que aquele crime não poderia ficar sem solução; o jornal clamava que tudo deveria ser esclarecido, especialmente porque Euclides da Cunha era um homem que por assim dizer vivia permanentemente raciocinando. Nos seus trabalhos de história e geografia distinguia-se sobretudo pelo seu espírito de minúcia. Parece absurdo que um professor de lógica, como ele o era, decidisse de seu destino sem maior exame e sem mais atenta reflexão. Nós não queremos acusar ninguém, mas queremos a verdade. Parece-me, a imprensa mostrava-se parcial, na defesa de Euclides e no ataque direto a Ana e indireto a Dilermando.São várias as formas de pensarmos nessa tragédia. Preocupo-me com Ana. Euclides é o grande escritor, Dilermando foi amado por Ana. Ana casou-se com Dilermando, com quem teve mais filhos e seguiu a vida. Traída mais tarde por Dilermando, largou-o e seguiu com as crianças. Em que pese sempre perseguida pela infâmia e pela tragédia, educou as crianças, com carinho e zelo. Ana foi enterrada no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Em seu túmulo uma sentença que nos faz pensar: Feliz do homem que tem por bússola as lágrimas de uma mãe. Traduziu-se em forma de aviso uma voz feminina que não se escutou.
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  • LEILÃO COLEÇÃO DR. ANTONIO MELILLO, BIBLIOTECA DR ANTÃO DE  MORAES E BIBLIOTECA GERALDO SERRA/PIETRO MARIA BARDI - SEGUNDA ETAPA - Em 8/8/1964 o Jornal ÚLTIMA HORA um dos mais respeitados diários de notícias brasileiro trazia pela primeira vez, à luz da imprensa, a notícia sobre a mais espetacular coleção particular de documentos históricos existente no Brasil, a COLEÇÃO EDUARDO STOPPEL. A matéria por si só atraia o interesse pelo inusitado de seu conteúdo com ares de enredo novelesco. O jornal relatou a curiosa história de um judeu alemão que ainda antes da Segunda Guerra Mundial abandonou a Alemanha, seu país de origem, já impregnado dos ideais nazistas encarnados por Adolf Hitler, para viver no Brasil. Em 1935 uma edição do ALMANAQUE LAEMMERT listava EDUARDO STOPPEL como um BELCHIOR, termo empregado para designar um comerciante de livros usados e documentos, um alfarrabista estabelecido então na Rua Barão de Itapetininga n. 42, República na cidade de São Paulo (vide em: http://memoria.bn.br/docreader/cache/1834704700543/I0115406-2-0-003094-001876-006278-003807.JPG). De forma emblemática o escritório de EDUARDO STOPPEL ficava bem em frente ao local do martírio dos jovens MARTINS, MIRAGAIA, DRAUSIO E CAMARGO (MMDC) para sempre símbolos da luta contra a ditadura e a favor das liberdades constitucionais no estopim da Revolução Constitucionalista de 1932. EDUARDO STOPPEL dedicou-se no Brasil a mesma profissão que exercera na Alemanha por toda vida, foi sempre um BELCHIOR. Sem parentes em nosso país ou sucessores conhecidos em seu país de origem, EDUARDO STOPPEL foi recolhido no final dos anos 50 em um hospital para loucos na Capital Paulista onde passou seus últimos dias até falecer em 18 de outubro de 1961 (conforme registro no cemitério Israelita de São Paulo). Pouco antes de falecer, EDUARDO STOPPEL revelou aos médicos da instituição Psiquiátrica, a existência dessa preciosa coleção guardada em um cofre forte de agência bancária em São Paulo. Em um primeiro momento sua revelação não teve impacto, foi tratada como mais um devaneio de loucura. Mas diante da insistência do paciente, por ocasião do óbito, alguêm lembrou de averiguar a informação e constatou-se que eram verídicas e precisas, havia na agência indicada um cofre em nome de EDUARDO STOPPEL. A instituição que albergou o judeu alemão em seus últimos anos RECEBEU AUTORIZAÇÃO, POR MEIO DE ORDEM JUDICIAL DO JUIZ TITULAR DA 3. VARA DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DA COMARCA DA CIDADE DE SÃO PAULO (com base no inventário processado pelo CARTÓRIO DO 8. OFÍCIO DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES de São Paulo), PARA PROCEDER O LEILÃO EM HASTA PÚBLICA DA COLEÇÃO EM ÚNICO LOTE, A TÍTULO DO PAGAMENTO DAS VULTOSAS SOMAS DECORRENTES DA INTERNAÇÃO DO FALECIDO EDUARDO STOPPEL. O JORNAL O GLOBO informava que o cerne da coleção de EDUARDO STOPPEL trazida por ele da Alemanha, foi fundido a documentos por ele adquiridos no Brasil, que tinham pertencido à coleção de JOSÉ JACQUES DA COSTA OURIQUE, TENENTE DO CORPO DE ENGENHEIROS DO EXÉRCITO IMPERIAL. José Jacques da Costa Ourique, originário do Rio de Janeiro foi designado diretor do Gabinete Topográfico do serviço de estradas provinciais paulistas em 1842. Formado pela Academia Militar do Rio de Janeiro, que, desde sua origem, em 1810, foi destinada ao ensino de oficiais artilheiros e engenheiros geógrafos e topógrafos a serem aproveitados na direção dos trabalhos de minas e obras públicas. Ourique nasceu em 1815, ao ser transferido para São Paulo, contava 27 anos. Ali dirigiu o curso proposto para os alunos do Gabinete Topográfico para formação de engenheiros práticos. Em 1844 foi criada a Diretoria de Obras Públicas, a qual foi subordinada a escola dirigida por Ourique. Sucedeu que a diretoria entendeu não mais remunerar seus alunos que eram assalariados para dedicar-se aos estudos e essa política acabou por promover o esvaziamento e consequente extinção da Escola. Quanto ao Gabinete Topográfico, o mesmo foi extinto pela lei nº 27, de 23 de abril de 1849. Ourique optou por permanecer como engenheiro de obras na Diretoria de Obras Públicas. No Relatório Geral do Conselho dos Engenheiros, de 1852, localizamos Ourique como chefe da 2ª Seção do Sul da Diretoria de Obras Públicas, compreendendo a 5ª Comarca com exceção dos municípios de Guaratuba, Paranaguá; e Antonina. Tratou aí de obras nas estradas de Santo Amaro e São Bernardo. Mais tarde tornou-se o primeiro comandante da Escola Militar (curso de Infantaria e Cavalaria) da Província do Rio Grande, entre 1851 e 1853, faleceu durante uma experiência com hidrogênio no laboratório da escola conforme Relatório sobre os ex-integrantes ilustres da escola militar, do Comando Militar de Porto Alegre. Para além de militar e lente de escola de engenharia Ourique era um estudioso interessado em História Brasileira e por meio de Documentos históricos escritos pelas personalidades que protagonizaram os fatos, reuniu uma coleção voltada à gênese da NAÇÃO BRASILEIRA. Seguindo a trajetória da coleção em 1963, o pregão judicial da COLEÇÃO EDUARDO STOPPEl (já então congregando a coleção JOSÉ JACQUES OURIQUE), foi realizado pelo LEILOEIRO OFICIAL MOACIR CATALDI e o arrematante foi o célebre COMERCIANTE DE ANTIGUIDADES JOSÉ CLAUDINO DA NÓBRECA (AUTOR DO LIVRO MEMÓRIAS DE UM VIAJANTE ANTIQUÁRIO). O JORNAL ÚLTIMA HORA relata que JOSÉ CLAUDINO DA NÓBREGA após o arremate que atingiu o valor de aproximadamente UM MILHÃO DE CRUZEIROS, entrou em negociação com o MUSEU NACIONAL para vender a preciosa coleção. Entretanto a negociação não chegou a bom termo porque o Museu não conseguiu levantar o recurso de 2,5 milhões de cruzeiros necessários para aquisição e o antiquário JOSÉ CLAUDINO DA NÓBREGA procedeu a venda por 4 milhões de cruzeiros ao DR ANTONIO MELILLO, entusiasta colecionador de documentos históricos e objetos arqueológicos. Por décadas o DR ANTONIO MELILLO não só preservou a coleção como a ampliou e permitiu sua divulgação e apresentação em importantes exposições promovidas em INSTITUIÇÕES MUSEOLÓGICAS BRASILEIRAS (como o Museu Histórico Nacional e Museu Imperial, Biblioteca Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Nacional, Biblioteca Pública de São Paulo, também foram amplamente divulgadas em matérias de tv e muitos jornais ao longo dos ultimos 50 anos). A coleção DR ANTONIO MELILLO foi adquirida após sua morte por um conceituado professor da POLI USP, quis o destino que quase duzentos anos após ser iniciada por um Professor de Engenharia (JACQUES OURIQUE), tenha sido colocada sob a guarde de um outro Professor também de Engenharia. Segue há alguns anos, com seu último proprietário e nesse momento, quase dois séculos após o início de sua formação, a COLEÇÃO DR ANTONIO MELILLO (EX EDUARDO STOPPER E EX JOSÉ JACQUES DA COSTA OURIQUE) será apregoada como uma das mais significativas coleções particulares brasileiras de DOCUMENTOS HISTÓRICOS a serem apresentados item por item. Toda a documentação jurídica do primeiro leilão de 1963 ordenado pela justiça do Estado de São Paulo, no já longínquo ano de 1963 (PERÍODO EDUARDO STOPPER) até as publicações dos jornais que anunciaram a existência da COLEÇÃO E SUA HISTÓRIA FORMATIVA no período em que esteve sobre a propriedade de JOSÉ CLAUDINO DA NÓBREGA e a documentação relativa as publicações e exposições realizadas durante as décadas em que esteve de posse do DR ANTONIO MELILLO, estão disponíveis para analise dos licitantes e acompanharão de acordo com o julgamento do LEILOEIRO os lotes que lhes forem pertinentes (seguindo como critérios os documentos específicos reproduzidos em jornais da época que dizem respeito aos lotes. Quanto a documentação do leilão judicial do ACERVO EDUARDO STOPPER realizado em 14 de maio de 1963 será juntada aos lotes do arrematante cujas compras atingirem em sua soma o maior valor de arremate no pregão). DESSA FORMA A DARGENT LEILÕES TEM A HONRA DE APRESENTAR A SEGUNDA ETAPA DO LEILÃO DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS, GRAVURAS E TESOUROS ARQUEOLÓGICOS EGIPCIOS DA COLEÇÃO DR. ANTONIO MELILLO. Uma oportunidade única para aquisição de documentos que apresentam pontos de vista e exercício do ofício de personagens envolvidos na história brasileira  e mundial UM PREGÃO DE DOCUMENTOS IMPORTANTES MAS TAMBÉM COM O ACRESCIMO DE DUAS GRANDES E IMPORTANTES BIBLIOTECAS PARTICULARES, A DO DESEMBARGADOR  DR ANTÃO DE MORAES (1887-1974) E BIBLIOTECA GERALDO SERRA/PIETRO MARIA BARDI. BONS ARREMATES A TODOS!!!!

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