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  • OMEGA - BELO RELÓGIO COM CAIXA EM OURO 14K . MOSTRADOR ESMALTADO EM OURO COM ALGARISMOSARÁBICOS EM NEGRO E VERMELHO. DOTADO DE TAMPA E SOBRETAMPA.  NECESSITA REVISÃO NO MECANISMO APARENTEMENTE LAVAGEM E LUBRIFICAÇÃO E AJUSTE NA CHARNEIRA DA TAMPA. SUIÇA, INICIO DO SEC. XX. 48 MM DE DIAMETRO. 66,3 G (PEDO TOTAL)
  • DOM JOÃO VI  SERVIÇO SÉPIA E VERDE  RARA TISANIERE EM PORCELANA FRANCESA. SEM MARCAS. RESERVAS POLICROMADAS COM MOTIVOS DE PAISAGENS, DECORAÇÃO COMPLEMENTADA POR FILETADOS EM OURO. INÍCIO DO SÉCULO XIX. EXEMPLARES DESSE SERVIÇO ESTÃO REPRODUZIDOS NO LIVRO "LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL", DE JENNY DREYFUS, NA PÁGINA 187. ESSE CURIOSO BULE COM CHAMINÉ PARA SER UTILIZADO A NOITE, UM OBJETO DE USO DIÁRIO TINHA DUPLA APTIDÃO, A ILUMINAÇÃO GERADA PELO FOGO E A TEMPERATURA ADEQUADA PARA O CHÁ.  FRANÇA, INICIO DO SEC. XIX. 23 CM DE ALTURANOTA: De acordo com Leila Mezan Algranti, em seu artigo: Em torno da mesa do rei: artefatos, convivialidade e celebração no Rio de Janeiro joanino, em 26 de abril de 1821, após doze anos de estadia no Rio de Janeiro, iniciava-se a viagem de regresso de D. João VI a Portugal a fim de, mais uma vez, preservar sua Coroa e domínios. Para a autora, a partida da Corte foi precedida de muitas indecisões políticas e de intensos preparativos de ordem prática, da mesma forma como acontecera ao viajar para o Brasil, em 1807. Naquela ocasião, em meio aos riscos de invasão do Exército napoleônico, foi necessário acomodar nas embarcações não só os ilustres passageiros, mas também um conjunto imenso e variado de coisas destinadas ao uso particular de seus proprietários, bem como da Casa Real.Um conjunto de peças de prata, roupas de mesa e artigos de copa, recém-chegados do Rio de Janeiro, viajou para Lisboa sob a incumbência de Joze de Britto, fiel da mantearia do rei, e foi entregue no pátio das cozinhas do Palácio da Ajuda a Joze Caetano Trigo, também funcionário do mesmo departamento da Casa Real, o qual realizou o registro das peças e o assinou por ordem de João Lourenço de Andrade que, por sua vez, recebeu todo o material em nome de Caetano Joze de Campos e Andrade Pinto, manteeiro da Casa Real, naquele momento. O título do registro Inventário da Prata, Roupa e mais trem pertencente à Mantearia de Sua Majestade que veio do Ryo de Janeiro indica claramente que, ao retornar do Rio de Janeiro, D. João VI fez embarcar objetos de prata, os quais constituíam parte ou a totalidade de um serviço de mesa. Entretando deixou no país quase todos os serviços de porcelana adquiridos para seu uso aqui ou trasladados de Portugal quando de sua fuga. O conjunto poderia conter elementos da famosa baixela Germain, assim denominada por ter sido encomendada a François Germain por D. José I, em 1756, após o terremoto ter destruído a baixela de D. João V, fabricada pelo ourives de Luís XIV (Thomas Germain) e pai do prateiro de D. José. A suposição de que poderia haver peças da baixela Germain de D. José I entre os artefatos registrados no inventário advém do fato de que há informações sobre seu transporte para o Brasil, bem como estudos referentes à divisão da mesma entre D. João VI e D. Pedro I, antes do retorno do monarca a Portugal. Os bens que permaneceram no Brasil, por sua vez, teriam sido gravados com as insígnias imperiais e o monograma P1º. De acordo com Leonor d'Orey, considerando-se o que atualmente se encontra preservado desta baixela em Portugal, o lote do imperador do Brasil era menor, embora incluísse várias peças muito prestigiosas, as quais se encontram dispersas em coleções particulares e de museus estrangeiros, vendidas após a deposição de D. Pedro II. Sabe-se igualmente que entre a prataria de mesa de grande aparato pertencente à Casa Real havia peças da baixela dos duques de Aveiro, confiscada pela Coroa, após o atentado a D. José em 1759,15 assim como peças denominadas avulsas. Por outro lado, as baixelas para D. Pedro I foram encomendadas às famosas casas francesas, embora a técnica dos ourives radicados no Brasil fosse excelente, como apontou Francisco Marques dos Santos. Segundo o mesmo autor, muitas dessas peças emigraram, mas algumas voltaram. Havia, portanto, na corte no Rio de Janeiro, mais de um serviço de mesa em prata, sendo que um conjunto significativo dessas peças atravessou o Atlântico pelo menos duas vezes, a exemplo do que se sucedeu com a Família Real. Além disso, vários desses objetos foram possivelmente fabricados na França e na Inglaterra, uma vez que os prateiros portugueses nem sempre eram considerados, na época, suficientemente habilidosos para agradar o sofisticado gosto da alta nobreza portuguesa, consumidora de produtos de luxo importados não só de outros países da Europa, como do Oriente. Embora, como apontou Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, houvesse prateiros de renome em Portugal, fabricando artefatos de mesa e mesmo baixelas completas, cuja qualidade do trabalho atingiu durante o século das Luzes um dos seus momentos mais importantes. De qualquer modo, a mesa da Casa Real e aquelas de outros membros das elites europeias e luso-brasileiras eram há muito tempo aparamentadas com artefatos de prata estrangeiros, bem como com porcelanas e vidros chineses, germânicos e franceses. Como bem apontou Nuno Vassallo e Silva, em seu estudo sobre a ourivesaria da mantearia da Casa de Aveiro, não é possível refletir sobre as baixelas de prata ou de porcelana usadas na mesa real sem levar em conta a conexão dessa indústria com as manufaturas europeias e orientais. Assim, é possível dizer que os objetos de luxo destinados ao serviço de mesa da Corte joanina, no Rio de Janeiro, resultavam de um circuito comercial e de comunicação que interligava diferentes impérios coloniais (português, inglês, francês), os quais se estendiam por três continentes: Europa, Ásia e América. No caso dos artefatos de prata que nos interessam comentar neste estudo, é provável que a matéria-prima utilizada fosse originária da América espanhola, tendo retornado ao mesmo continente após ter sido trabalhada por habilidosos artesãos franceses para uso e ostentação dos monarcas portugueses. Por outro lado, tais objetos indicam um movimento mais amplo de evolução do gosto e da maneira de viver dos membros da aristocracia europeia, que remonta ao final do século XVII, cuja etiqueta de mesa foi fixada na corte de Luís XIV. Como assinalou Marco Daniel Duarte, a alta sociedade quando se sentava à mesa se quer aprisionar por regras de etiqueta rígida. Mesmo levando-se em conta que no final do século XVIII Portugal acompanhava o restante da Europa, adotando nos banquetes reais a porcelana das índias e francesa como alternativas às baixelas de prata, conforme esclareceu Cristina Neiva, a prataria de mesa continuava a representar a riqueza e o poder das famílias reais, haja vista não só a encomenda de D. José I a François Germain, cuja baixela foi produzida ao longo da segunda metade do século XVIII, como também o fato de esta ter sido dividida entre o monarca e seu primogênito, antes da partida de D. João VI para a Europa. Sinal de que as mesas dos reis não poderiam prescindir dos objetos de prata em algumas situações. Observa-se de imediato na lista de bens que chegaram do Rio de Janeiro que os objetos destinados à copa eram de cobre ou de bronze, enquanto os de mesa eram em prata. Um dado indicativo da separação dos dois espaços tanto em termos de funções destinadas à alimentação como de simbologia e hierarquia dos objetos no ambiente doméstico. Estes atestam algumas tarefas desempenhadas no espaço, como a preparação das frutas e dos doces, bem como de clarear o sal, fazer e distribuir o pão e as saladas, além de confeccionar e realizar as obras de decoração. A copa oferecia ainda suporte ao serviço de mesa. Na lista analisada, há diferentes tipos de objetos, como, por exemplo, cafeteiras de cobre com e sem torneiras, além de chocolateiras e chaleiras do mesmo material, assim como tachos, escumadeiras, frigideira de ferro para torrar café, caixas para conduzir a prata e as iguarias, tabuleiros sortidos, gral de pedra e bancos para arear facas. A qualidade e, especialmente, a quantidade dos objetos nos permitem pensar que estes poderiam ser utilizados em uma mesa servida à francesa forma ainda predominante no período joanino , na qual os alimentos eram oferecidos em duas ou três mesas sucessivas cobertas com travessas de alimentos de vários tipos. Daí denominarem-se primeira, segunda e terceira cobertas ou serviços. A última coberta era de doces e de frutas, como indicam os livros de receitas do período e os protocolos a serem seguidos nos banquetes oficiais. O serviço de mesa à francesa necessitava de um grande número de objetos do mesmo tipo, não só para dispor simultaneamente os vários alimentos de uma coberta, como para promover rapidamente a reposição das iguarias nas sucessivas mesas ou cobertas. Os serviços em porcelana são divididos entre as porcelanas de encomenda da China (cia das índias): Galos , Pavões, Corças, Correios, Pastores, das Rosas, Vista Grande e Vista Pequena. Há também registro dos Europeus: Reino Unido e Camaristas, em porcelana francesa, Espinha de peixe e os chamados 'de barra bordeaux' , 'sépia e verde' e "de barra rosa"chamado Pingo de Ouro, em porcelana possivelmente também francesa, o de "Wedgwood" e o conhecido também como "das Rosas", em porcelana inglesa.
  • DOM JOÃO VI - SERVIÇO DOS PAVÕES EXCEPCIONAL PRATO EM PORCELANA COM ESMALTES DO REINADO QIANLONG (1711-1799). FEITIO RECORTADO. PERTENCEU AO SERVIÇO DO REI DOM JOÃO VI. CHINA, MEADOS DO SEC. XVIII. 23 CM DE DIÂMETRO.NOTA: Serviço dos Pavões é um serviço de jantar real, confeccionado em porcelana de pasta dura, de finíssima qualidade, que foi produzido na China do Imperador Qianlong , sob encomenda, para Portugal. Estima-se que cerca de vinte mil peças do hoje chamado Serviço dos Pavões tenham sido produzidas entre 1750 e1795, restando hoje cerca de cinco mil distribuídas por todo o mundo. É considerado um dos mais belos serviços de jantar de exportação. Em formato oitavado, recortado ou, em suas últimas fornadas, redondo, o prato é de louça (porcelana) branca, encaroçada, decorada com esmaltes nas cores habituais da chamada "família rosa". Além de pratos de vários tamanhos, foram confeccionadas sopeiras de vários tipos, terrinas, molheiras, travessas de vários formatos, manteigueiras, meleiras, wine-coolers e tigelas. Foi utilizado pela Família Real Portuguesa e pela Família Imperial Brasileira tanto no Paço de São Cristóvão como também na Fazenda Imperial de Santa Cruz. É um serviço conhecido como viajante, pois foi levado da China a Portugal, e de Portugal para o Brasil, quando D. João VI, ainda príncipe, temendo as guerras napoleônicas, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, com sua mãe, D. Maria I. Os serviços de porcelana chinesa de uso imperial, trazidos para o Brasil por D. João VI, foram dispersos após a proclamação da República, sendo atualmente peças raras, procuradas por colecionadores de todo o mundo. Com o fim do Império em 1890, foram realizados diversos leilões pelo leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, no Rio de Janeiro, mas seus registros foram logo depois perdidos num incêndio ocorrido pouco depois na loja do leiloeiro
  • DOM JOÃO VI - SERVIÇO DOS PAVÕES EXCEPCIONAL MEDALHÃO DE GRANDE DIMENSÃO  EM PORCELANA COM ESMALTES DO REINADO QIANLONG (1711-1799). PERTENCEU AO SERVIÇO DO REI DOM JOÃO VI. CHINA, MEADOS DO SEC. XVIII. 38 CM DE DIÂMETRO.NOTA: Serviço dos Pavões é um serviço de jantar real, confeccionado em porcelana de pasta dura, de finíssima qualidade, que foi produzido na China do Imperador Qianlong , sob encomenda, para Portugal. Estima-se que cerca de vinte mil peças do hoje chamado Serviço dos Pavões tenham sido produzidas entre 1750 e1795, restando hoje cerca de cinco mil distribuídas por todo o mundo. É considerado um dos mais belos serviços de jantar de exportação. Em formato oitavado, recortado ou, em suas últimas fornadas, redondo, o prato é de louça (porcelana) branca, encaroçada, decorada com esmaltes nas cores habituais da chamada "família rosa". Além de pratos de vários tamanhos, foram confeccionadas sopeiras de vários tipos, terrinas, molheiras, travessas de vários formatos, manteigueiras, meleiras, wine-coolers e tigelas. Foi utilizado pela Família Real Portuguesa e pela Família Imperial Brasileira tanto no Paço de São Cristóvão como também na Fazenda Imperial de Santa Cruz. É um serviço conhecido como viajante, pois foi levado da China a Portugal, e de Portugal para o Brasil, quando D. João VI, ainda príncipe, temendo as guerras napoleônicas, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, com sua mãe, D. Maria I. Os serviços de porcelana chinesa de uso imperial, trazidos para o Brasil por D. João VI, foram dispersos após a proclamação da República, sendo atualmente peças raras, procuradas por colecionadores de todo o mundo. Com o fim do Império em 1890, foram realizados diversos leilões pelo leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, no Rio de Janeiro, mas seus registros foram logo depois perdidos num incêndio ocorrido pouco depois na loja do leiloeiro
  • DOM JOÃO VI SERVIÇO PINGO DE OURO BELA TRAVESSA EM PORCELA COM MARCAS DO ATELIER DO DECORADOR DEROCHE. CONHECIDO COMO SERVIÇO PINGO DE OURO. ABA COM BORDA CONTENDO FRISO DOURADO QUE DELIMITA FAIXA EM BRANCO REMATADA EM OURO. SEGUINDO EM DIREÇÃO A CALDEIRA LARGA FAIXA EM ROUGE DE FEUR PONTILHADAS EM OURO. NO CENTRO DA CALDEIRA ROSÁCEA TAMBEM EM OURO. REPRODUZIDO NA PAGINA 179 DO LIVRO "LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL" POR JENNY DREYFUS. FRANÇA, CIRCA DE 1813. 22 CM DE DIAMETRONOTA: NO INÍCIO DO SEC. XIX A AQUISIÇÃO DA LOUÇA DA MONARQUIA EUROPÉIA MUDOU DE PERFIL. JÁ HÁ ALGUNS ANOS A FÓRMULA PARA PRODUZIR PORCELANA, UTILIZADA PELOS CHINESES HÁ SÉCULOS, FOI REVELADA GRAÇAS AOS ESFORÇOS DE INVESTIMENTO DO REI AUGUSTO II , DA BAVIERA E DE OUTROS AGENTES QUE ATUARAM EM PESQUISAS PARA DESENVOLVER A PORCELANA EUROPÉIA. AOS POUCOS, AS CASAS REINANTES PASSARAM A OPTAR PELA LOUÇA DO CONTINENTE PRINCIPALMENTE AS PRODUZIDAS NA FRANÇA. OCORRE QUE AS PORCELANAS CHINESAS OSTENTAVAM UM REQUINTE EXÓTICO, COM SÍMBOLOS E DECORAÇÃO ALHEIAS A CULTURA DO ENCOMENDANTE. AS REQUINTADAS LOUÇAS FRANCESAS ATENDIAM EM SUA DECORAÇÃO OS PRINCÍPIOS DE RESGATE OS VALORES NACIONAIS, A SUNTUOSIDADE E A NOBREZA DE SUAS CASAS REINANTES. DONA MARIA I, AINDA LÚCIDA JÁ TERIA ENCOMENDADO LOUÇA A FÁBRICA FRANCESA DE DUC DE ANGOULAINE. MAS CERTAMENTE FOI DOM JOÃO VI A ADERIR COM MAIOR DEVOÇÃO AO LUXO DA PRODUÇÃO DA PORCELANA FRANCESA E ALEMÃ.. DIZ O ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL EDITADO EM 1942 A RESPEITO DAS LOUÇAS BRAGANTINAS: Quase no fim os preciosos aparelhos da China, com raras peças que ainda teimavam em ostentar a sua estranha suntuosidade, d. Maria I, ainda lúcida, nas calmas de sua corte respeitosa, fez para a França as grandes encomendas da fábrica nobilíssima do Duc dAngoulême, que deram a d. João infinito prazer. Entre essas as que contavam delicados pratos com o entrecho pitoresco das fábulas de La Fontaine. Ao lado desses não ficavam em posição inferior outros serviços usados no Brasil pela real casa lusitana. Foram muitos. Das mais soberbas e preconizadas marcas. Sèvres, Saxe, Bourg-la-Reine, Chantilly, Sarreguemines, Capo di Monte, o vieux Limoges. Todos esses aparelhos, os mais caros e apreciados da época (não se serviam com mais fausto os grão-senhores das cortes européias) eram apenas complemento às referidas peças de porcelana francesa de fabrico do Duc dAngoulême, que apresentam na borda a coroa do Reino Unido e ao centro uma paisagem, ou simplesmente o escudo real (serviço do Reino Unido) . Esses que passaram mais tarde das mãos reais à tradição da família brasileira, especialmente daquelas castas mais achegadas ao paço, das saudosas matronas patrícias que foram amigas íntimas da princesa Isabel e d. Teresa Cristina, e no leilão do Paço Imperial atropelavam o paciente Virgílio com um chorado peditório de um sapato velho, que a medo escondiam no seio, um lenço usado, um grampo de chapéu, uma negalha de cabelo ainda agarrado à tartaruga dos pentes, qualquer coisinha, um pequeno nada que tivesse pertencido à mãe dos brasileiros, Dona Thereza Cristina . Não só as pessoas fidalgas, que possuíam brasões de armas registrados em cartórios de nobreza e desenhados pelo lápis acatado de Luiz Aleixo Boulanger. Muita gente humilde. Muito fiel servidor do paço ou descendente da abundante famulagem de Petrópolis, de Santa Cruz e da Boa Vista. Conheço o filho de um antigo cocheiro da quinta que ainda guarda uns pratos imperiais, com emblemas e frisos de ouro, e não os larga por dinheiro nenhum, nem à mão de Deus Padre. Infelizmente torna-se penoso identificar todo o conjunto restante das louças da monarquia. O catálogo do leilão da Boa Vista é, de parte o seu alto valor documentário, impreciso e deficiente na explanação dos seus dois mil e tantos lotes. Há muita dúvida na sua descrição, na qualidade, marca, cor, desenho e procedência dos seus múltiplos componentes. Existia no Paço da Cidade, como nas outras moradias reais, muita louça sem brasão, iniciais ou siglas de fabrico, principalmente na fazenda de Santa Cruz, cujos armários resplendiam com mais de vinte serviços da ilustríssima Companhia das Índias. Com o inevitável rumo dispersivo causado pelo leilão, muita coisa desapareceu, mergulhou no tumulto dos acontecimentos, sem que pudesse ser analisada nos seus menores detalhes, classificada ao menos na sua vaga aparência. Não obstante, foram os lotes dessa inesquecível justa de arte que revelaram a existência de muita porcelana fina que corre a via sacra dos antiquários e leiloeiros, em meio século de República. Sem que ninguém percebesse, pela falta absoluta de provas de identidade, foram por isso adquiridas a preços irrisórios e mesmo depreciadas por amadores displicentes que imaginavam que nas mesas imperiais só poderiam figurar louçarias que se distinguissem por coroas ou monogramas de príncipes. Talloni, pouco antes de falecer, cedeu ao dr. João do Rego Barros, o aprimorado amador de arte antiga que o Rio de ontem conheceu e estimou. Talloni era um jovem oficial, quando se deu o leilão de Santa Cruz. Morava aí ou servia próximo, nos seus lidares de militar brioso. Ainda o conheci, capitão do Exército, no Colégio Militar, à flor dos meus verdes anos. Era um tipo de homem exemplar na sua rígida conduta. Sua palavra, seu conceito sempre portava por fé. De verdadeiro servidor da pátria as suas atitudes, o fiel cumprimento do dever. Assim, tudo que ele pudesse ter declarado ao confiar a Rego Barros as peças imperiais que adquirira vale um documento histórico, por um tributo de serena honestidade. Dentre os espécimes por ele adjudicados, revelam-se aqueles, até então desconhecidos, que hoje refulgem nos mostruários dos museus e exibem finas decorações de flores, animais, paisagens e pássaros. São já bastante conhecidos dos amadores e não deixam a menor dúvida quanto à sua procedência, das suas primorosas pinturas tiravam os serviçais do paço as pitorescas alcunhas. Ao pôr a mesa para os ágapes, eles diziam, pela voz do mordomo: Hoje é a louça dos pastores. Ou, em dia de gala: O rei hoje, data do seu aniversário, vai gostar de comer nos pratos dos pavões. E assim, como um florido calendário, iam essas jóias de valor se entremostrando ao sol de cada dia. Na coleção Andrade Pinto, no museu do Instituto Histórico, existe um raro exemplar da louça dita das casas, de idêntica filiação, que, por opostos caminhos, o infatigável amador pudera classificar como pertencente a serviço de propriedade do príncipe d. João. 1. E muito alegre ficou, quando Carlos Frederico, esse outro arguto e inteligentíssimo maníaco, lhe mostrou alguns exemplares que completavam a série, juntamente com o mais rico, o das fábulas, cuja beleza e raridade, com efeito, não têm rival. As marcas das porcelanas desse período, geralmente conhecidas por Vieux Paris, às vezes sem determinação precisa de local e de época, o que atormenta o colecionador, desapareciam com facilidade. Raríssimas as peças em que ainda hoje se deparam intactas as indicações de ano e de fatura. Eram essas quase sempre gravadas sobre o esmalte a tinta avermelhada-escura; e do serviço de d. João VI, o que tem a coroa na borda do prato, só se conhece, com a marca, o exemplar que se acha no Instituto Histórico. Outros sinais, muita vez convenções, quando não simples iniciais ou algarismos, muito comuns aos obreiros de Sèvres, eram colocados antes do esmaltamento final e gravados na própria porcelana, o que lhes assegura uma impressão indelével. Esse cuidado serve para uma completa identificação dos objetos, no que se refere à mão que os fez e ao tempo que os consagrou.
  • LA MAISON MONSIER - LINDO RELÓGIO DE BOLCO COM CAIXA EM PRATA DE LEI ESPESSA E COM LINDOS GUILLOCHES. MOSTRADOR ESMALTADO. SUIÇA, INICIO DO SEC. XX. 55 MM DE DIAMETRO
  • IMPÉRIO AUSTRIACO  PRECIOSO GOBLET EM CRISTAL NA TONALIDADE VERDE URALINA DE FEITIO FACETADO DA MANUFATURA DE FRANZ XAVER RIEDEL (1830-1848). EXUBERANTES E MAGNIFICAS RESERVAS COM CENAS DE FLORESTAS E ANIMAIS SELVAGENS. A PARTE INFERIOR DA BASE É LAPIDADA EM ESTRELA. BOHEMIA, IMPÉRIO AUSTRO HÚNGARO, PRIMEIRA METADE DO SEC. XIX. NOTA: O vidro de urânio tornou-se popular em meados do século XIX, sendo o seu período de maior popularidade entre as décadas de 1880 e 1920. O primeiro grande produtor de itens feitos de vidro de urânio é comumente reconhecido como o austríaco Franz Xaver Riedel . Riedel foi um prolífico soprador de vidro de urânio em Unter-Polaun (hoje Dolni Polubny ), Boêmia , de 1830 a 1848. Durante o início do século XIX, os fabricantes de vidro da Europa Central começaram a usar o urânio como uma boa forma de fazer vidro amarelo e verde. Em 1789, Martin Klaproth, na Alemanha, reconheceu pela primeira vez o urânio como um elemento químico e diz-se que o adicionou ao vidro como corante. Mas foi apenas 50 anos mais tarde que os fabricantes de vidro da Boémia, em busca de novas cores num mercado altamente competitivo para o vidro, começaram a utilizar urânio. A Boémia tornou-se parte do Império Austríaco com o acordo de paz de 1815, após as guerras napoleónicas, e o comércio de vidro prosperou em condições pacíficas até à década de 1850. Esta área que contava com inúmeras vidrarias naquele período, está agora dividida entre a República Checa, a Áustria e a Alemanha. A coisa mais surpreendente sobre o vidro fluorescente ou de urânio é que ele é radioativo. Se você aplicar um contador Geiger, obterá uma leitura positiva. Se você acender uma luz ultravioleta sobre ele, obterá um brilho verde fluorescente, como na imagem acima. Mas os níveis não são, de forma alguma prejudiciais. Duas libras de óxido de urânio eram normalmente adicionadas a cerca de 184 libras de outros constituintes. Testes conduzidos por Jay Glickman (relatados em seu livro "Yellow-Green Vaseline: A Guide to the Magic Glass") e testes separados por Frank Fenton, da Fenton Glass, mostraram que os níveis de radiação mesmo de grandes quantidades de vidro de urânio de perto não são mais prejudiciais do que aqueles associados a televisores ou fornos de microondas. Mesmo assim ao incidir  "luz negra" sobre o vidro de urânio, o objeto ficará lindamente fluorescente. Quando adicionado ao vidro, geralmente como óxido, o urânio produz cores que variam do âmbar, passando por todos os tons de amarelo, até o verde maçã brilhante, dependendo da mistura de vidro. Quando adicionado a uma mistura de vidro com um teor muito elevado de chumbo (mais de 70% de óxido de chumbo), produz uma cor vermelha profunda (no entanto, não é uma proposta comercial prática).
  • NOSSA SENHORA DO Ó OU DA EXPECTAÇÃO  GRANDE ESCULTURA EM MARFIM DE CARACTERÍSCA GÓTICA APRESENTANDO A VIRGEM COM A MÃO ESQUERDA SOBRE FLÂMULA SOBRE A BARRIGA  GRÁVIDA. A FLAMULA CONTEM INSCRIÇÕES EM LATIM. A MÃO  DIREITA ESTÁ LEVANTADA EM SINAL DE BENÇÃO. LINDO MOVIMENTO COM PREGAS E DOBRADURAS NAS ROUPAS E FLORES ESCULPIDAS EM RELEVO. FINAL DO SEC. XVIII OU INICIO DO XIX. 34 CM DE ALTURA. 1760 GNOTA: Diz-se que no Brasil colonial e imperial as mulheres toleravam os filhos adulterinos de seus maridos pelo medo do parto. De fato, a mortalidade era muito elevada e o pavor da morte nessas circunstancias assombrava a mulher desde a constatação da gravidez até a fim do período de resguardo. Não é a toa que a própria Imperatriz Leopoldina foi vítima de um aborto cujas complicações lhe foram fatais. Segundo a historiadora MAry Del Priori: Vigiada por uma imagem de Nossa Senhora do Ó ou do Bom Parto, agachada ou sentada a mulher esperava os sinais do parto. Entre goles de cachaça e de caldos de galinha com canela, a parturiente era confortada devendo mostrar-se rija e varonil para enfrentar as dores que se seguiriam. O ventre dilatado pela gravidez, cobria-se de relíquias e cordões coloridos, capazes, na mentalidade da época, de assegurar um parto tranquilo. No joelho esquerdo da parturiente, era amarrada uma pedra chamada de Mombaza, encontrada em Minas Gerais, cuja função mágico-religiosa era a de atrair a criança para fora da barriga da mãe. Preces endereçadas a são Mamede, são Francisco e santa Margarida eram murmuradas, baixinho, a fim de afugentar qualquer perigo que pusesse em risco, a vida do nascituro. A criança vinha ao mundo entre preces, gritos de dor e alegria. Os primeiros cuidados com o recém-nascido eram antigos. Seu corpinho molengo era banhado em vinho ou cachaça, limpo com manteiga e outras substâncias oleaginosas, e, firmemente enfaixado. A cabeça era modelada e o umbigo, recebia óleo de rícino com pimenta com fins de cicatrização. Coroando os primeiros cuidados, era fundamental o uso da estopada: cataplasma confeccionado com a mistura de um ovo com vinho, aplicado a uma estopa que por sua vez era presa por um lencinho à cabecinha do pequeno para fortificá-la. As mães indígenas preferiam banhar-se no rio com seus rebentos. As africanas costumavam esmagar o narizinho de seus pequenos, dando-lhes uma forma que lhes parecia mais estética. Pouco a pouco, os manuais de medicina ensinavam às mães a envolver seus filhinhos em mantilhas suaves e folgadas, em vez de apertá-lo em faixas capazes de estropiar os tenros membros. Sugeriam, ainda, que se substituíssem as massagens com óleos por água e sabão e que a estopada fosse substituída por barretinho ou touca de pano branco, como aconselhava Francisco de Mello Franco, médico mineiro do Setecentos. Os médicos já davam grande ênfase ao asseio corporal, mas as mães, por sua vez, cuidavam para preservar a função simbólica da sujeira do corpo infantil como uma forma de proteção contra o mau olhado. Partes como o umbigo ou as unhas, que poderiam ser utilizados para bruxarias contra os filhinhos eram cuidadosamente enterradas no quintal.Os médicos vigiavam cuidadosamente o cardápio servido à pequena infância. A ênfase no leite era total, não só por ser mais saudável, mas porque para qualquer doença é extremado remédio a mama da mãe, como já explicava Alexandre de Gusmão em 1685. As mães, para garantir o leite, portavam, por sua vez, contas de leite: contas de louça em branco leitoso que por aproximação garantiam a fartura do leite de peito. Tudo indica que o hábito indígena do aleitamento até tarde tenha incentivado a amamentação na Colônia. Além do leite, era comum darem-se as crianças alimentos engrossados com farinha, o que segundo Melo Franco causava azedumes, lombrigas, obstruções do mesentério, opilação do estômago, inchações do ventre inferior, ventosidades, numa palavra, todos os sintomas convulsivos. A lista devia bastar para que se desencorajasse essa dieta considerada inadequada para as crianças. Mas as crianças eram cevadas desde cedo com toda a sorte de papinhas, por uma única razão: as mães queriam fortificar logo seus pequeninos, evitando o risco de perdê-los nos primeiros meses. A passagem da alimentação mista para a semissólida operava-se com infinita precaução. A técnica de pré-digestão de alimentos embebidos na saliva dos adultos significava muito mais um cuidado, do que falta de higiene. Na tradição africana, até os três anos, as crianças comiam pirão de leite, de manhã, farinha seca com açúcar bruto; leite com jerimum ou escaldado de carne ao almoço. O prato de resistência era o feijão cozido, servido com farinha e machucado à mão. Leite de cabra era considerado poderoso fortificante infantil. Faltando leite à mãe, alugava-se uma ama de leite negra (isso no caso das famílias de posses, e já no início do século XIX) ou entravam em cena as papinhas mais variadas. De acordo com a economia caseira, o bebê recebia papa de farinha de mandioca, leite de gado e açúcar, papa de goma, araruta, banana machucada, creme de arroz e fubá de milho. Dava-se mesmo leite de coco, destemperado na água com açúcar. A preocupação materna era a de arredondar a criança; o critério não era alimentá-la, mas dar-lhe de comer! Contudo, os jovens intestinos ainda preguiçosos e os diminutos estômagos despreparados para receber tantos alimentos grosseiros incentivavam a gastroenterite a cobrar alta porcentagem de pequenas vidas no primeiro ano. É bom não esquecer que estas pequenas vidas estavam ligadas estreitamente à evolução do sistema econômico. A criança era a vítima privilegiada das crises alimentares, das tensões sociais, das epidemias. As diferenças sociais acentuavam, por sua vez, as chances entre ricos e pobres; os últimos, sem dúvida, mais vulneráveis e adoentados.
  • PAINEL DE AZULEJOS EM ESTILO ROCOCÓ DA SEGUNDA METADE DO  SEC. XVIII COM PADRÃO DECORATIVO DITO  ASA DE MORCEGO. MULTIPLOS CONCHEADOS, VOLUTAS. INTENSIFICADOS POR COLORAÇÃO VIBRANTE E VARIADA. PRODUÇÃO PROVÁVEL DA REAL FÁBRICA DE FAIANÇAS DO RATO. PORTUGAL, SEC. XVIII. 80 X 40 CMNOTA: A arte da azulejaria havia de criar raízes na Península Ibérica por influência dos árabes que, para as terras conquistadas, trouxeram os desconhecidos mosaicos para ornamentar as paredes dos seus palácios, conferindo-lhes brilho e ostentação através de um jogo geométrico complexo. O estilo fascinou espanhóis e portugueses e, os artesãos da ibéria, meteram mãos à obra: pegaram na técnica mourisca, simplificaram-na e adaptaram os padrões ao gosto ocidental.Os primeiros exemplares usados em Portugal  os Hispano mouriscos -, vieram nos finais do século XV de Sevilha e serviram para revestir paredes de palácios e igrejas. Passados cerca de setenta anos, em 1560, começaram a surgir em Lisboa oficinas de olaria que produziam azulejos segundo a técnica de faiança, importada de Itália.A originalidade da utilização do azulejo português e o diálogo que estabelece com as outras artes vai fazer dele caso único no mundo. No Museu Nacional do Azulejo encontram-se painéis que testemunham a evolução e a monumentalidade desta peça de cerâmica decorativa que se adapta às necessidades e acompanha os estilos das diferentes épocas. O Retábulo da Nossa Senhora da Vida, dos finais do século XVI, composto por 1384 azulejos que sobreviveram ao grande terramoto, é para a historiadora de arte, Alexandra Curvelo, um exemplo da importância do azulejo em Portugal.Na azulejaria portuguesa surgem cena inusitadas, que surpreendem, quer pela originalidade, quer pela audácia do artesão em substituir seres humanos por macacos, onças e galinha, por exemplo, construindo desta forma histórias fantasiosas, irónicas, que despertam o riso. A preocupação em trazer novos temas para as artes decorativas, assenta muitas vezes num certo improviso associado a esta forma única de querer fazer diferente, que podemos apreciar no painel destacado no vídeo em baixo, intitulado A Caça ao Leopardo. A policromia dos amarelos, dos verdes, dos castanhos arroxeados, irá dar lugar ao azul sobre fundo branco, duas cores herdadas por influência holandesa e da porcelana oriental.Depois do terremoto de 1755 a reconstrução de Lisboa vai impor outro ritmo na produção de azulejos de padrão, hoje designados pombalinos, usados para decoração dos novos edifícios. Os azulejos são fabricados em série, combinando técnicas industriais e artesanais. Nos finais do século XVIII o azulejo deixa de ser exclusivo da nobreza e do clero, a burguesia abastada faz as primeiras encomendas para as suas quintas e palácios. Os painéis contam, por vezes, a história da família e até da sua ascensão social, como se vê no conjunto intitulado História do Chapeleiro António Joaquim Carneiro, exposto no Museu Nacional do Azulejo.A partir do século XIX, o azulejo ganha mais visibilidade, sai dos palácios e das igrejas para as fachadas dos edifícios, numa estreita relação com a arquitetura. A paisagem urbana ilumina-se com a luz refletida nas superfícies vidradas. A produção azulejar é intensa, são criadas novas fábricas em Lisboa, Porto e Aveiro. Mais tarde, já em pleno século XX, o azulejo entra nas estações de caminho de ferro e metro, alguns conjuntos são assinados por artistas consagrados. A tradição fez-se ainda mais popular, apresentando-se como solução decorativa para cozinhas e casas-de-banho, numa prova de resistência, inovação e renovação desta pequena peça de cerâmica.
  • DIONÍSIO TOCANDO AULO ARQUEOLOGIA   GRANDE  E ANTIGA  ESCULTURA EM BRONZE REPRESENTANDO DEUS DIONISIO, O DEUS DO VINHO, TOCANDO SEU AULO. OS CABELOS SÃO APRESENTADOS COMO FOLHAS DE PARRAS.  O AULO ERA UM INSTRUMENTO SEMELHANTE A UMA FLAUTA DUPLA.  EMBORA TOCADO POR ALGUNS ARISTOCRATAS, GERALMENTE ERA UM INSTRUMENTO USADO APENAS POR MÚSICOS PROFISSIONAIS, MUITOS DELES ESCRAVOS. ERA UM DOS MAIS TÍPICOS INSTRUMENTOS DA GRÉCIA ANTIGA, ESTANDO PRESENTE EM UMA VARIEDADE DE MOMENTOS: EM SACRIFÍCIOS, REPRESENTAÇÕES TEATRAIS, JOGOS E CULTOS, SENDO ESPECIALMENTE ASSOCIADO A DIONISO.CARACTERÍSTICAS GREGAS. ÉPOCA NÃO DETERMINADA. EUROPA, 105 CM DE ALTURA.
  • TOUREIRO JOÃO ALVES BRANCO NÚNCIO - ESTRIBO DE CAIXA  ESTRIBO DE TOUREIO A CAVALO  EM MADEIRA COM APLIQUES DE ALPACA DECORADO COM LANÇA E FERRADURA. LINDO PAR DE ESTRIBOS EM CAIXA. PERTENCERAM A JOÃO ALVES BRANCO NÚNCIO UM DOS MAIORES TOUREIROS PORTUGUESES DO SEC. XX. FOI AMIGO DE RICARDO ESPÍRITO SANTO A QUEM PRESENTEOU COM ESSES ESTRIBOS. PORTUGAL, PRIMEIRA METADE DO SEC. XX. 17 X 14 CMNOTA: João Alves Branco Núncio  (Alcácer do Sal, Alcácer do Sal, São Romão, Herdade das Parchanas, 15 de fevereiro de 1901  Golegã, Golegã, 26 de janeiro de 1976) foi um cavaleiro tauromáquico português. Figura incontornável do toureio a cavalo, foi responsável por um processo de renovação artística na corrida portuguesa, destacando-se igualmente nas corridas de rejones em Espanha e França, onde atuou em todas as grandes praças e foi apreciado por milhares de espetadores.  João Branco Núncio nasceu em Alcácer do Sal, numa casa branca junto à de seu tio-bisavô António Caetano de Figueiredo, 1. Visconde de Alcácer do Sal, hoje sede da Sociedade Filarmónica Visconde de Alcácer do Sal.O seu avô paterno, Joaquim Mendes Núncio, lavrador, mudara-se da Golegã para Alcácer do Sal, no ano de 1878, tendo a família prosperado no cultivo das terras férteis que aí encontraram. Terá sido também por causa do avô Joaquim que João Núncio se tornaria cavaleiro tauromáquico  o cavaleiro recordava as idas aos touros em criança, onde cedo se fascinara com as atuações vibrantes de José Casimiro; as atuações de José Casimiro tiveram em mim uma influência enorme na resolução de ser toureiro, dirá, mais tarde, numa reportagem filmada em 1968 para a RTP. Criado no campo, muito jovem se iniciou a montar a cavalo. Aos 13 anos estreou-se como cavaleiro tauromáquico amador, na praça de toiros de Évora. No entanto, para prosseguir os estudos, afastou-se dos cavalos e dos toiros nas temporadas seguintes. Regressou às lides em 1917, depois de concluído o antigo Curso Comercial, na Escola Académica de Lisboa. Nesta escola conheceu o seu amigo e futuro rival de arenas Simão da Veiga. Núncio começou a atuar em praças de província, mas o génio que revelava na arte do toureio faziam adivinhar a brilhante carreira que o cavaleiro viria a ter. A 27 de maio de 1923, na Monumental do Campo Pequeno, tomava a alternativa, tendo como padrinho António Luís Lopes, numa corrida empresariada por Patrício Cecílio. Uma semana depois foi contratado para atuar novamente no Campo Pequeno, mas fez constar do seu contrato uma cláusula em que exigia lidar apenas toiros puros, ou seja toiros que nunca tivessem sido toureados.1 Assim, com a ajuda do seu mestre, Vitorino Froes  que já na condição de amador reclamara a reposição do toiro puro  e do seu amigo Simão da Veiga, João Núncio iniciou um processo de renovação na corrida à portuguesa, que conduziu, primeiro ao abandono e depois à proibição legal de lidar toiros corridos. A mudança viria a possibilitar uma grande evolução do espetáculo, no sentido técnico e estético, possibilitando a execução de sortes frontais; isto é a colocação frente a frente do cavalo com o touro. Apurado o sentido estético e de lide, Núncio foi também um precursor na forma de treinar as suas montadas, adaptando cada cavalo da sua quadra a uma lide específica.1 Por fim, foi também por influência de João Núncio que os cavaleiros deixam de usar cabeleira empoada e luva branca durante as lides. Cavaleiro de estilo espetacular e figurativo, participou, ao longo da sua carreira, em mais de 1 000 corridas, enfrentou mais de 2 000 touros e montou cerca de 60 cavalos, alcançando inúmeros êxitos. Destacou-se ainda em inúmeras corridas de rejones em Espanha e em França, matando toiros a cavalo, e rivalizando nessa qualidade com figuras como Antonio Cañero ou Álvaro Domecq Díez. Manolete, com quem o cavaleiro partilhou cartel em corridas mistas (compostas por atuações a cavalo e a pé), disse um dia Como Núncio no hay nadie!. De resto, no país vizinho, João Núncio apresentou-se nas mais prestigiadas praças e feiras tauromáquicas, desde logo na Monumental de Las Ventas, mas também na Real Maestranza de Sevilha, bem como nas praças de Barcelona, Bilbao, Santander ou Jerez de la Frontera. A 14 de junho de 1949 foi agraciado como Comendador da Ordem de Benemerência; a 5 de julho de 1963, ao celebrar 40 anos de carreira, com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada;7 a 13 de julho de 1973 como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.8 Em sua homenagem, também foi atribuído o seu nome à Praça de Touros João Branco Núncio, em Alcácer do Sal.Atuou pela última vez na Praça de Touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, a 21 de outubro de 1973 Além de ter sido um cavaleiro de percurso longevo e muitos sucessos artísticos, João Núncio foi também um opulento agricultor e criador de gado, dedicando-se igualmente à criação de reses bravas para o toureio, obtendo sucessos também como ganadero em arenas de Espanha e França. No período revolucionário subsequente 25 de abril de 1974, a sua Herdade de Entre-as-Matas e a sua casa de habitação em Alcácer, foram ocupadas, o que levou o cavaleiro já retirado a estabelecer-se na Golegã, passando a viver em casa do seu cunhado, Patrício Cecílio. Despojado dos seus bens, tentou regressar às arenas, mas acabaria por falecer no ano de 1976, nessa vila ribatejana.
  • CERÂMICA DE FAJALAUZA - GRANDE TRAVESSA FUNDA EM CERÂMICA VIDRADA NA COR AZUL COM DECORAÇÃO MOURISCA. LINDAMENTE GATEADA (PRESILHAS DE METAL) AINDA NO SEC. XIX.  BELÍSSIMA DECORAÇÃO COM PÁSSAROS, FLORES E RAMAGENS. GRANADA, SEC. XVIII. 32 CM DE DIÂMETRO.Nota: A loiça deve o seu nome à porta de Fajalauza, uma dos seis entradas da muralha medieval do Albaicín, também chamada "cerca de Dom Gonçalo", erigida em meados do século XIV por Raduão, hájibe de Iúçufe I de Granada para defender o primitivo arrabalde dos falcoeiros ou do Albaicín (Rabad al-Bayyazin). A porta constitui o acesso à parte mais alta do arrabalde e na época cristã ligava com o arrabalde vizinho dos Alfareros (oleiros), situado extramuros entre a porta e o Convento de San Antonio e San Diego, hoje desaparecido. Nesse local, existiram oficinas de cerâmica desde 1517, alguns dos quais ainda ativos, onde desde então se fabrica a cerâmica tradicional de Granada, dita de Fajalauza. Até 1975, aproximadamente, a loiça tosca e popular de Fajalauza manteve as suas características primitivas: vidrado com pouco estanho em, decoração em verde ou azul acinzentado, motivos vegetais  especialmente a romã pássaros, motivos heráldicos de supostas águias bicéfalas, etc. Sem variação percetível decoravam pratos (fuentes de solero) simples rasos ou de fundo abaulado, tigelas, taças, jarras, cantarinhas jarros de corpo globular e os famosos jarros (ou cântaros) alcarrazas, que deram origem ao dito popular "verde e com asas: alcarraza"), com "caracóis" e curvas entrelaçadas. A historiadora de arte Natacha Seseña salientou o paralelismo entre a produção cerâmica granadina de Fajalauza e a de Teruel, no sul de Aragão, os dois locais da Península Ibérica onde melhor se conservou a tradição de olaria de origem mourisca.
  • CERÂMICA DE FAJALAUZA - GRANDE TRAVESSA FUNDA EM CERÂMICA VIDRADA NA COR AZUL COM DECORAÇÃO MOURISCA.  BELÍSSIMA DECORAÇÃO COM PÁSSAROS, FLORES E RAMAGENS. GRANADA, SEC. XVIII. 32 CM DE DIÂMETRO.Nota: A loiça deve o seu nome à porta de Fajalauza, uma dos seis entradas da muralha medieval do Albaicín, também chamada "cerca de Dom Gonçalo", erigida em meados do século XIV por Raduão, hájibe de Iúçufe I de Granada para defender o primitivo arrabalde dos falcoeiros ou do Albaicín (Rabad al-Bayyazin). A porta constitui o acesso à parte mais alta do arrabalde e na época cristã ligava com o arrabalde vizinho dos Alfareros (oleiros), situado extramuros entre a porta e o Convento de San Antonio e San Diego, hoje desaparecido. Nesse local, existiram oficinas de cerâmica desde 1517, alguns dos quais ainda ativos, onde desde então se fabrica a cerâmica tradicional de Granada, dita de Fajalauza. Até 1975, aproximadamente, a loiça tosca e popular de Fajalauza manteve as suas características primitivas: vidrado com pouco estanho em, decoração em verde ou azul acinzentado, motivos vegetais  especialmente a romã pássaros, motivos heráldicos de supostas águias bicéfalas, etc. Sem variação percetível decoravam pratos (fuentes de solero) simples rasos ou de fundo abaulado, tigelas, taças, jarras, cantarinhas jarros de corpo globular e os famosos jarros (ou cântaros) alcarrazas, que deram origem ao dito popular "verde e com asas: alcarraza"), com "caracóis" e curvas entrelaçadas. A historiadora de arte Natacha Sesea salientou o paralelismo entre a produção cerâmica granadina de Fajalauza e a de Teruel, no sul de Aragão, os dois locais da Península Ibérica onde melhor se conservou a tradição de olaria de origem mourisca.
  • CERÂMICA DE FAJALAUZA - MUITO GRANDE TRAVESSA FUNDA EM CERÂMICA VIDRADA NA COR AZUL COM DECORAÇÃO MOURISCA.  BELÍSSIMA DECORAÇÃO COM PÁSSAROS, FLORES E RAMAGENS. RESTAURADA NO SEC. XIX. GRANADA, SEC. XVIII. 47 CM DE DIÂMETRO.Nota: A louça deve o seu nome à porta de Fajalauza, uma dos seis entradas da muralha medieval do Albaicín, também chamada "cerca de Dom Gonçalo", erigida em meados do século XIV por Raduão, hájibe de Iúçufe I de Granada para defender o primitivo arrabalde dos falcoeiros ou do Albaicín (Rabad al-Bayyazin). A porta constitui o acesso à parte mais alta do arrabalde e na época cristã ligava com o arrabalde vizinho dos Alfareros (oleiros), situado extramuros entre a porta e o Convento de San Antonio e San Diego, hoje desaparecido. Nesse local, existiram oficinas de cerâmica desde 1517, alguns dos quais ainda ativos, onde desde então se fabrica a cerâmica tradicional de Granada, dita de Fajalauza. Até 1975, aproximadamente, a loiça tosca e popular de Fajalauza manteve as suas características primitivas: vidrado com pouco estanho em, decoração em verde ou azul acinzentado, motivos vegetais  especialmente a romã pássaros, motivos heráldicos de supostas águias bicéfalas, etc. Sem variação percetível decoravam pratos (fuentes de solero) simples rasos ou de fundo abaulado, tigelas, taças, jarras, cantarinhas jarros de corpo globular e os famosos jarros (ou cântaros) alcarrazas, que deram origem ao dito popular "verde e com asas: alcarraza"), com "caracóis" e curvas entrelaçadas. A historiadora de arte Natacha Seseña salientou o paralelismo entre a produção cerâmica granadina de Fajalauza e a de Teruel, no sul de Aragão, os dois locais da Península Ibérica onde melhor se conservou a tradição de olaria de origem mourisca.
  • PERROQUET  LINDO PÁSSARO EM PORCELANA DA MANUFATURA DA FABRICA DE FONTANEBLEAU. LINDA POLICROMIA COM  BICO REMATADO EM OURO. INSPIRADAS NA PRODUÇÃO DE JOHANN JOACHIM KAENDLER  PARA MEISSEN NO SEC. XVIII. MARCAS DE MANUFATURA COM ESPADAS CRUZADAS. FRANÇA, SEC. XIX. 30 CM DE ALTURANOTA: EM 1734 JOHANN JOACHIM KAENDLER registrou em suas anotações: Especificação dos animais estrangeiros e pássaros exóticos que eu, como abaixo mencionado, modelei e desenhei exata e corretamente, para que eles possam aqui na Royal Porcelain Factory ser feitos em tamanho maior A série indianische Tiere foi feita com base em esculturas de animais de companhia das indias e também animais empalhados Kändler estudou animais vivos, mas também os espécimes empalhados da coleção real de taxidermia no Palast der Wissenschaften Palácios das Ciências em Zwinger. Um espectador do século 18 disse sobre a coleção Seria difícil encontrar uma coleção tão completa, ou uma com tantos animais raros A galeria tem noventa e cinco metros de comprimento e abriga três fileiras de animais quadrúpedes, quase todos passaram parte de suas vidas no Jägerhof em Dresden.
  • ARQUEOLOGIA ROMANA  ANTIGA ANFORA EM CERÂMICA PARA TRANSPORTAR AZEITE ENCONTRADA NA REGIÃO DE ÉVORA, PORTUGAL. 100 A 200 ANOS DC.. 20 CM DE ALTURA. ESTA ACOMODADA SOBRE BASE EM FERRO ACRESCENTADO NO FINAL DO SEC. XIX. IMPORTANTE PEÇA ARQUELÓGICA. PORTUGAL SEC.I OU II DA ERA CRISTÃ. 32 CM DE ALTURA COM A BASENOTA: Nos finais do século IV a. C. uma nova potência assume protagonismo no Mediterrâneo Ocidental: Roma.A primeira grande diferença entre o Império Romano e os que o precederam reside no facto do processo expansionista deste ter sido progressivo e lento mas, contudo, seguro.O Império Romano não é obra de uma dinastia, mas sim de um longo processo territorial, garantido por numerosas gerações de dirigentes políticos e militares.Uma outra característica que diferencia este império dos antecedentes é o facto de Roma não submeter pela força os povos que vai conquistando ao longo da sua expansão; o seu domínio é feito através de implementação de novas realidades administrativas, que, no entanto, tentam adaptar-se às diferentes formas de exercício do poder dos distintos locais.Em termos gerais, o processo de romanização pode ser definido como a criação de uma nova ordem territorial. Esta nova ordem territorial incluía novas realidades político-administrativas e um processo de complexificação social. A eficácia do exercício do poder e a circulação das diretivas saídas dos diferentes órgãos do Estado foram asseguradas pela criação de um bom sistema de comunicações. Na Península Ibérica, sob a designação genérica de "período do domínio romano", incluem-se fases de desenvolvimento distintas, apesar de existir a tendência de considerar a presença romana (mais de seis séculos) como uma única realidade.Os Romanos começaram a conquista da Península Ibérica pelo ano 218 a. C., durante a Segunda Guerra Púnica, entre Roma e Cartago, em que as tropas comandadas por Cneu Cipião desembarcaram em Ampúrias. Durante vários anos lutaram contra o domínio dos Cartagineses, acabando por expulsá-los da Península em 206 a. C., com a conquista de Cádis, passando a dominar o litoral mediterrânico. Seguiram-se as lutas contra os povos peninsulares.Durante os anos de 206 e 205 a. C. as tropas de Roma enfrentaram e venceram algumas sublevações dos poderios indígenas no Sul da Península. Desde estas datas considerou-se a administração efetiva romana no extremo ocidental do Mediterrâneo. Uma vez instaurada a paz, em finais do século III a. C., a Península Ibérica teve inicialmente uma ocupação romana de cariz militar, garantindo assim o controlo e exploração do território. Só em 197 a. C. se pôs em marcha o primeiro projeto de criação de uma administração provincial. Nesse mesmo ano, o território ocupado foi dividido em duas províncias: a Hispânia Ulterior, a ocidente, e a Hispânia Citerior, a oriente. Nesta altura, as regiões administradas deveriam somente abranger a faixa litoral, dos Pirenéus até às faldas da Sierra Morena. O novo sistema administrativo manteve-se por bastante tempo com as duas províncias.A partir de 194 a. C. há notícias dos primeiros confrontos entre Lusitanos e Romanos, entre os chefes Lusitanos sobressaíam Viriato e Sertório. Os Lusitanos acabaram por sofrer sucessivas derrotas durante os anos seguintes, reforçando estes a sua presença através da ocupação de novas regiões. No entanto, a primeira grande campanha romana no atual território português só se efetuou em 138 a. C. A iniciativa desta investida esteve a cargo do novo governador da Ulterior, Décio Júnio Bruto. Este fixou o seu quartel-general junto à cidade de Morón, no vale do Tejo, e fortificou Olisipo, possibilitando assim um fácil abastecimento às tropas em campanha por via marítima. Júnio Bruto avançou em direção ao norte, mas contornou as regiões montanhosas do interior, evitando desta forma confrontos com as populações das montanhas. Tudo leva a crer que a campanha se tenha desenvolvido ao longo da faixa litoral portuguesa, traçando, provavelmente, o percurso que mais tarde iria dar origem à estrada que ligaria Olisipo a Bracara. Uma vez terminada a campanha, as tropas dirigem-se para sul e tudo indica que não deixaram qualquer guarnição no Noroeste. Nos anos que se seguem não existem indícios de conflitos entre Romanos e os povos autóctones.Nos princípios do século I a. C., Públio Crasso, à data governador da Ulterior, comanda uma campanha ao Noroeste (96 a 94 a. C.) em que logra a identificação das fontes de estanho peninsulares. É provável que esta descoberta tenha contribuído para a intensificação das navegações atlânticas, facto, aliás, comprovado pelo registo arqueológico ao longo de todo o século I a. C.Aproximadamente dez anos mais tarde, 81 a. C., a guerra generaliza-se, mas não tem qualquer relação com as velhas inimizades entre Romanos e Lusos, sendo tão-só um reflexo das guerras civis romanas. As hostilidades prolongam-se por um longo período de tempo e só têm fim em 72 a. C. Após a morte de Sertório (72 a. C.) e da derrota de Perperna, a Península Ibérica vive novamente um período de acalmia. Porém, esta situação foi alterada com a nomeação de Júlio César para governar a Ulterior (61 a. C.). César desencadeou um grande ataque contra os Lusitanos que habitavam o monte Hermínio. As campanhas de Júlio César não se limitariam somente às regiões montanhosas entre Douro e Tejo, mas também às costas da Galiza.Em 56 a. C., Júlio César, Marco Licínio Crasso e Cneu Pompeio (ou Pompeu) estabelecem um acordo para a partilha dos territórios sob administração romana. A Marco Crasso foi atribuída a província da Síria, a Júlio César as Gálias e a Cneu Pompeio a Hispânia. Contudo, Pompeio acabou por entregar as Hispânias a três legados, que repartiam entre si o governo das províncias. A Citerior foi atribuída a Lúcio Afrânio e a Ulterior a Marco Varrão e Petreio.Entretanto, e como consequência dos desentendimentos entre Júlio César e Pompeio, ambos com aspirações ao trono, são infligidos vários ataques à Hispânia e os legados de Pompeio acabam por ser derrotados. Em 44 a. C., com a saída dos opositores a César do território, os governadores ocuparam-se da pacificação total da região.Neste mesmo ano, Júlio César é assassinado e Otaviano, seu filho adotivo, assume o poder vitalício em Roma (27 a. C.), inaugurando-se desta forma a etapa imperial, propriamente dita, da história de Roma. Todavia, as hostilidades na Hispânia haviam recomeçado (29 a. C.), e Roma concentrou uma grande força militar na Península Ibérica contra os Vascos, Cântabros e Ástures. Durante 10 anos estas populações resistiram aos ataques, acabando toda a Hispânia por ser completamente dominada em 19 a. C.Conforme os Romanos chegaram iam dominando as várias regiões peninsulares, assim impunham as suas estruturas sociais, a sua forma de vida, as suas leis, acabando por dominar e influenciar profundamente, e para sempre, toda a Península Ibérica. É a toda esta ação e influência da civilização de Roma que se chama romanização.A sua influência fez-se sentir em todos os setores. De uma economia rudimentar passou-se a uma economia agrícola com bom aproveitamento dos solos e das várias culturas, como o trigo, oliveira, fruta e vinha. A língua latina acabou por se impor como língua oficial, funcionando como fator de ligação e de comunicação entre os vários povos. As povoações, até aí predominantemente nas montanhas, passaram a surgir nos vales ou planícies, habitando casas de tijolo cobertas com telha. Como exemplo de cidades que surgiram com os Romanos, temos Braga (Bracara Augusta), Beja (Pax Iulia), Conímbriga e Chaves (Aquae Flaviae). A indústria desenvolveu-se, sobretudo a olaria, as minas, a tecelagem, as pedreiras, o que ajudou a desenvolver também o comércio, surgindo feiras e mercados, com a circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária (as famosas "calçadas romanas", de que ainda há muitos vestígios no presente) que ligava os principais centros de todo o Império.A influência romana fez-se sentir também na religião e nas manifestações artísticas.Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. Os principais agentes foram os mercenários que vieram para a Península, os grandes contingentes militares romanos aqui acampados, a ação de alguns chefes militares, a imigração de romanos para a Península, a concessão da cidadania romana.Umas das principais realizações romanas em solo hispânico foi a implantação de um novo modelo de sociedade, em que os centros urbanos eram formados como polos do Governo regional, estratificados e submetidos a um poder mais amplo. Este cenário não era de todo inédito em algumas regiões da Península Ibérica, mas a sua extensão à totalidade do território peninsular foi uma criação romana.No ano em que Otaviano assume o poder, a província Ulterior foi dividida em duas, Bética e Lusitânia. A Bética abrangia a atual região da Andaluzia e a Lusitânia corresponderia, sensivelmente, ao atual território português.Otaviano teve um papel relevante na criação de grandes colónias, tais como Pax Julia (Beja), Augusta Emerita (Mérida), e também apoiou a urbanização de alguns dos antigos povoados indígenas, como aconteceu com Conimbriga (Condeixa) ou Selium (Tomar). Uma outra importante concretização da administração provincial romana são os conventus iuridici. O conventus consistia numa atividade de carácter jurídico. Anualmente, o governador de cada província reunia-se em diferentes cidades com os seus respetivos representantes, para ministrar justiça e transmitir as novas diretrizes da administração romana. No âmbito dos conventus prestava-se também o culto ao Poder de Roma, personificado na pessoa do imperador e da sua família. Esta função religiosa parece ter sido uma das principais atribuições destes atos públicos.O período de guerra civil que se seguiu ao reinado de Nero, por volta de 68, traz novamente uma vaga de conflitos para a Península Ibérica.Em 69, depois de derrotar as forças do seu adversário (Vitélio), Vespasiano assume o império e funda a dinastia dos Flávios. Sob a dinastia dos Flávios, últimos decénios de I d. C., deu-se o processo de divisão administrativa das Hispânias, com a municipalização efetiva de todas as sedes regionais: as civitates. A prosperidade flávia prolongou-se na Península Ibérica nos reinados antoninos, cuja dinastia se iniciou em 98 com Trajano, o primeiro imperador romano natural da Hispânia. Esta dinastia, que ocupou quase todo o século II, é normalmente celebrada como a "Idade de Ouro" do Império Romano. Foi uma época caracterizada por uma grande prosperidade económica e desenvolvimento regional.Ao longo do século III, o Império viveu dias difíceis com o início do chamado "período de anarquia" (235), durante o qual se sucederam querelas entre chefes militares e conturbações a nível político.Entre 284 e 288, com Diocleciano (284-304), opera-se uma nova reorganização das províncias hispânicas. O território peninsular é dividido em cinco províncias: Tarraconense, Cartaginense, Bética, Lusitânia e Galécia. Esta nova divisão irá vigorar até à perda dos territórios da Península Ibérica por Roma.Nos finais do século IV, o império é governado no Oriente por Teodósio, que detinha grande prestígio em toda a extensão do império. Este facto deve-se à fraqueza demonstrada por Augusto do Ocidente, Valentiniano III, e pela origem hispânica daquele.Em 380 d. C., com o Édito de Tessalónica, o Cristianismo é adotado como religião de Estado, desmoronando-se assim um dos últimos bastiões da ideologia imperial. O imperador deixa de ser o chefe supremo dos cultos, para dar lugar à hierarquia da Igreja.A partir de 409 a situação política na península altera-se radicalmente com a invasão dos povos germânicos, e sobretudo com a fixação dos vândalos e suevos na Galécia, em 411. A aplicação dos decretos imperiais foi impedida e, nas zonas rurais, a influência dos bispos ortodoxos foi reduzida.Com a morte de Teodósio, em 395, o império é dividido pelos seus dois filhos, Honório, que passou a governar o Ocidente, e Arcádio, a querer o Oriente.Em 407, um usurpador autoproclama-se nas ilhas britânicas, com o nome de Constantino III. O seu projeto de poder pessoal revelou-se de extrema importância para a história da Hispânia.Em 411, e face à situação criada pelos usurpadores na Hispânia (o território tinha sido invadido por Constante, filho de Constantino III), Honório estabeleceu um pacto com os "bárbaros" aqui instalados. Deu-lhes a Galécia, a Lusitânia e a Cartaginense, mantendo para o império a província Tarraconense. A partir desta data assiste-se ao gradual desmoronamento da influência do Império Romano na península.
  • IMPÉRIO AUSTRIACO  GRANDIOSO GOBLET EM VIDRO NA TONALIDADE AMBAR ENRIQUECIDA COM URÂNIO O QUE LHE CONFERE A MAGNIFICA TONALIDADE AMARELADA. DE MUITO GRANDE DIMENSÃO ESSE GOBLET É DECORADO EM RESERVA COM TRÊS PRIMORAS CENAS LAPIDADAS APRESENTANDO CASAL DE CERVOS SOB UMA ÁRVORE, UM GRANDE CÃO DE CAÇA E UM CAÇADOR ARMADO DE ESPINGARDA. BASE DENTEADA. FUSTE E TERÇO INFERIOR FACETADOS. BOHEMIA, MEADOS DO SEC. XIX. 22 X 11 CM
  • TOMÁS JOSÉ DA ANUNCIAÇÃO (1818-1879)  OVELHAS EM APRISCO  OST  QUADRO DO IMPORTANTE ANIMALISTA PORTUGUÊS TOMÁS JOSÉ DA ANUNCIAÇÃO APRESENTANDO REALISTAS OVELHAS. PORTUGAL, SEC. XIX. 43 X 33 CM (SEM CONSIDERAR O TAMANHO DA MOLDURA) COM A MOLDURA TEM 61 X 51NOTA: Tomás José da Anunciação (Ajuda, 26 de outubro de 1818  Encarnação, 3 de abril de 1879) foi um pintor português da época do romantismo que, após tentar vários géneros, acabou por se dedicar à pintura de animais, no que se distinguiu. De origens humildes, era filho de Manuel Joaquim da Anunciação e de Maria Vitória da Piedade. Tomás D'Anunciação estudou em Lisboa, na Academia das Belas-Artes (Convento de São Francisco), onde se matriculou em curso de Desenho em 1837, local onde chegou também a dar aulas. Após terminar seus estudos, foi contratado como desenhista do Museu de História Natural, o que acabou aumentando seu interesse pelas formas da natureza.1 Recebeu o primeiro prémio em todos os quatro anos de curso que finalizou em 1841, ano em que se matriculou no curso de Pintura Histórica, finalizando em 1844. Deu aulas de paisagem a José Malhoa. Foi contemporâneo de José Rodrigues, Francisco Augusto Metrass, Miguel Ângelo Lupi e do Visconde de Meneses, entre outros. Encontra-se colaboração artística da sua autoria no semanário Arquivo Pitoresco (1857-1868) e na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil3 (1859-1865). Em 1884, em homenagem ao pintor, foi instituído pela Academia das Belas Artes o Prémio Anunciação.Foi também diretor interino da Academia das Belas-Artes e diretor da Galeria Real da Ajuda. Faleceu de uma apoplexia aos 60 anos de idade na sua residência da Rua dos Mouros, número 64, em Lisboa, solteiro e sem filhos. O funeral realizou-se dia 5, no Cemitério do Alto de São João
  • AZULEJARIA HISPANO ÁRABE  FERNAN MARTINEZ QUIJARRO.  IMPORTANTE PAINEL COM QUATRO LINDOS AZULEJOS DITOS DE ARESTA. ESSES  AZULEJOS FORAM ENCOMENDADO PELO BISPO D. JORGE DE ALMEIDA EM 1503 PARA REVESTIR A CATEDRAL DE COIMBRA. EXEMPLARES IDENTICOS A ESSES PODEM SER ENCONTRADOS NO MUSEU NACIONAL DE MACHADO DE CASTRO EM COIMBRA. VIDE EM: https://artsandculture.google.com/asset/painel-de-azulejos-hispano-%C3%A1rabe/LAGG2pD0UP19WQ?hl=pt-PT . SEVILHA, 1503, 38 X 38 CM COM A MOLDURA.NOTA: vIgésimo sétimo bispo de Coimbra e segundo conde de Arganil, terá nascido em 1458 filho do 1º conde de Abrantes e de D. Beatriz da Silva. A sua distinta linhagem, terá origem em D. Pedro I e D. Inês de Castro de quem se diz o seu pai, D. Lopo, ser o terceiro neto. A sua presença em Itália, agora incontestada, está intrinsecamente ligada ao percurso de seu pai. Sabe-se que D. Lopo integrou o mesmo séquito para Siena que o anteriormente referido D. João Galvão  Acrescente-se a este facto a sua presença em Florença, Nápoles e Roma, focos da cultura humanista. O contexto familiar de D. Jorge de Almeida comprova toda uma miríade de influências e relações que certamente influenciaram a sua mundividência e gosto, tornando-o num incontestável verdadeiro príncipe do renascimento, nas palavras de Vítor Serrão.O seu próprio percurso em Itália desde, pelo menos 1469, foi pautado de exemplos que iriam determinar a sua imagem e posição futuras, tendo privado com Lourenço de Médicis (conforme provam as 5 cartas agora publicadas) a quem escreveu ainda enquanto estudante em Pisa ou o título de Apotolice sedis prothonotharius que ostentou precocemente e que seria prenunciador dos muitos outros com que viria a ser agraciado ao longo da sua extensa vida conforme se confirma nas palavras de Pedro Álvares Nogueira ao discursar acerca deste mancebo de uinte E dous annos de grandes partes de grandes esperanças q daua mostras de uir a ser hum grande prelado Como na uerdade o foi ().Tendo estudado em Pisa e Peruggia e após uma longa permanência na Cúria Romana, este antístite, que será inquisidor-mor do reino a partir de 1536, sempre demonstrou uma extrema erudição que perpetuou na obra escrita elaborada ao longo da sua vida e de onde se destacam as  Constituyçoões do Bispado de Coimbra pollo muyto reuerendo e magnífico senhor o señor dom Jorge dalmeyda bpo de Coimbra Conde Darganil, impressas em Braga, na Oficina de Pedro Gonçalves Alcoforado, no ano de 1521. Consta terem sido as primeiras Constituições deste bispado que se publicaram.Peça fundamental no equilíbrio das forças culturais e políticas da cidade, protegia os seus homens e erigia à sua volta redes de dependência e patrocinato, vivendo como um grande e poderoso senhor nos seus territórios.Teve igualmente um papel preponderante junto ao monarca, em diversos encargos diplomáticos e religiosos, tendo-se deslocado expressamente a Évora, em finais de 1497, para presenciar o primeiro matrimónio de D. Manuel. Do mesmo modo foi este mesmo prelado que, juntamente com o rei esteve presente no ritual da abertura e segunda tumulação de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I, efectuado no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Este bispo designado por António de Vasconcelos como Sacerdos Magnus, terá ainda baptizado o Infante D. Henrique em 1512.Bispo residente em Coimbra - um dos raros exemplos de entre as nove dioceses portuguesas, era apreciador da prática da caça tendo mesmo alcançado de D. Manuel a instituição de uma coutada privada nas terras do senhorio do bispado, em Coja, para melhor apreciar os seus gostos cinegéticos, e foi a figura marcante do Renascimento conimbricense, numa altura de mudanças e em que se começava a vislumbrar uma nova cultura visual. Não obstante a experiência em Itália e os ilustres contactos que manteve, sempre se apresentou enquanto sujeito de carácter singular com uma preponderante proximidade às correntes humanistas do renascimento que a sua actuação à frente da diocese de Coimbra e a sua abertura mecenática não deixam de traduzir.
  • AZULEJARIA HISPANO ÁRABE  ATELIER DE FERNAN MARTINEZ QUIJARRO.  IMPORTANTE PAINEL COM QUATRO LINDOS AZULEJOS DECORADOS  COM CRUZES E ELEMENTOS VEGETALISTAS. SEVILHA, 1503, 38 X 38 CM COM A MOLDURA.NOTA: A influência do azulejo sevilhano fora do Reino de Sevilha foi importante, principalmente pelo facto de o auge do sector cerâmico da cidade coincidir com o momento de maior expansão comercial e económica da sua história. O século XVI foi sem dúvida o  século de ouro  de Sevilha; com um porto que se tornou um dos principais do mundo naquela época, uma Corrida das Índias a todo vapor e um desenvolvimento da cerâmica local sem precedentes até hoje. Toda a situação propiciou que os azulejos produzidos nos fornos de Triana saíssem das suas fronteiras e chegassem a outros pontos do planeta. A introdução dos azulejos Hispano Arabes em Portugal é talvez o ponto de partida para o seu posterior desenvolvimento, algo que Portugal transformará num dos seus maiores sinais de identidade .No caso português, o domínio muçulmano foi praticamente idêntico ao de Sevilha em termos cronológicos. A conquista da Península Ibérica foi muito rápida, pelo que os muçulmanos alcançaram quase todos os seus pontos em poucos anos. Contudo, a reconquista dos territórios pelos cristãos foi muito lenta, começando praticamente logo após a chegada dos muçulmanos à península em 711 e durando até 1492, quando Granada caiu sob o domínio dos Reis Católicos. Os muçulmanos estiveram em Granada durante quase 800 anos, em Sevilha durante mais de 500, mais de 300 em Toledo, menos de 200 anos em Leão e apenas vários anos em locais do norte da península. O mesmo acontece em Portugal, com a diferença de que em 1249, apenas um ano depois da chegada dos cristãos a Sevilha, Portugal expulsou os últimos muçulmanos do Algarve. É por isso que quando lemos que o azulejo em Portugal tem origem muçulmana a informação deve ser qualificada. É verdade que o azulejo nas nossas terras tem origem muçulmana , mas foram os Nasridas do século XIV em Granada que começaram a utilizar o azulejo para decorar as salas da Alhambra com os seus maravilhosos azulejos (Portugal já tinha estado em mãos cristãs). durante um século). Estes azulejos saem do reino muçulmano nasrida para chegar ao Palácio mudéjar de Pedro I em Sevilha , e a partir daqui terá início a sua expansão pelos diferentes reinos cristãos peninsulares. Portanto, a chegada do azulejo a Portugal terá origem muçulmana, mas serão os mudéjares.(muçulmanos residentes em territórios cristãos), aqueles que difundem o seu uso por toda a Península Ibérica .

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